sábado, fevereiro 28, 2009

QUARESMA, PECADO E CONFISSÃO

A quaresma é um tempo especial para a Igreja Católica como caminho de preparação para a grande festa cristã católica- a Páscoa.
O centro de toda a fé cristã é a PÁSCOA: passagem da morte para a vida de Jesus Cristo. Libertação de todos os males humanos. É daí que vem toda a nossa fé, toda a nossa esperança e toda a nossa caridade.
A quaresma é um tempo de preparação interior de libertação e aperfeiçoamento cristão.
Os católicos são convidados a fazer um corte com tudo o que é mau: egoísmo, vícios, defeitos, falhas, pecados. Recorrendo ao sacramento da confissão (ou reconciliação ou penitência), fazendo um propósito firme de emenda para tentar mudar o rumo da sua vida e remediar (compensar) o mal que se fez, caso tenhamos prejudicado alguém.
  • O mais importante não é a abstinência de carne às sextas-feiras da quaresma (cortar com a carne), mas a conversão da alma e do coração, cortar com o pecado, com o que não presta, como se podam nas videiras os ramos que não deixam a árvore dar bom fruto. O sacramento da confissão pode ajudar a essa mudança de vida seguindo os critérios do Reino de Deus.
  • O problema é que hoje, muitos católicos já não sabem o que é pecado e para alguns nada é pecado, tudo é permitido, tudo é lícito, tudo se pode fazer… Perdeu-se a consciência do pecado. O maior pecado da humanidade é ter perdido a noção de pecado.

Segundo o Novo Testamento, o pecado é uma falta de amor em quatro direcções:

  1. Pecado é falta de amor a Deus. Não rezar, não praticar a religião. Faltar à missa ao sábado ou ao domingo. Não dialogar com Deus. Ignorar Deus. Viver como se Deus não existisse, sem a Sua influência na nossa vida.
  2. Pecado é falta de amor aos outros. Palavrão que ofende os outros, indelicadezas, ingratidões, criticar, desobedecer, murmurar, mentir, magoar, insultar, roubar, prejudicar, explorar, abusar, infidelidades sexuais, destruir, vingar-se, odiar, matar.
  3. Pecado é falta de amor a mim mesmo. Palavrão, abusar de comidas, bebidas, vícios e excessos que põem em risco a saúde e a vida nossa e a dos outros, abusar da sexualidade. Estragar, distorcer ou sujar a imagem e semelhança que eu devia ser de Deus e não sou.
  4. Pecado é falta de amor à natureza. Poluição, atentados contra o ambiente, incendiar a natureza.
    Não se trata de uma lista completa, mas apenas muitos exemplos.

PECAR É NÃO AMAR. Falo de AMOR de verdade. Hoje quando se fala em amor, muitos pensam logo em sexo. Quando eu não amo a Deus, não amo os outros, não me amo a mim mesmo e não amo a natureza, estou a pecar.
Claro que o pecado tem graus, como uma ferida pode ser mais ou menos grave.
Pecado venial ou leve, pecado grave e pecado mortal. Diz-se mortal porque corta (mata) a relação com Deus, com os outros, comigo mesmo e com a natureza. Quem começa por pecar de forma venial, se não se corrigir, corre o risco de pecar de forma grave e até mortal. Uma ferida ou sara ou tende a agravar-se e degenerar em cancro e ser mortal. O mesmo se passa no campo da moral. Quem começa com um palavrão ou se corrige, ou vai aumentar. O mesmo se diga de quem rouba, de quem mente, de quem engana, de quem abusa.

Procuremos aproveitar este tempo favorável da quaresma. Aproximemo-nos de um sacerdote reconciliemo-nos, confessemo-nos, façamos um propósito firme de emenda, remendemos o mal feito aos outros (compensando-os ou restituindo se for caso disso) e ficaremos aliviados de tanto lixo que carregamos dentro de nós, que nos intoxica e não nos deixa ter alegria, nem ser felizes. Não nos deixa sermos imagens da beleza, da bondade e da santidade de Deus.

quarta-feira, fevereiro 25, 2009

Quaresma: Um tempo forte de renovação pessoal e comunitária, para preparar o encontro vivo com o Ressuscitado, na Páscoa

“Jesus preparou-se para a Missão rezando e jejuando durante 40 dias e 40 noites (Mt.4,2)”. Assim nos diz também o que deve ser a nossa Quaresma: Um tempo forte de renovação pessoal e comunitária, para preparar o encontro vivo com o Ressuscitado, na Páscoa.

A Quaresma é o grande retiro de todo o Povo de Deus. E, enquanto retiro, é tempo de alguma paragem para centrarmos a nossa atenção no essencial da nossa vida de cristãos e também de cidadãos; é tempo de oração mais intensa e de encontro mais frequente com a Palavra de Deus; é tempo de fazer contenção face a excessos de vária ordem para que somos solicitados a todo o momento.

Neste grande retiro de 40 dias, somos chamados a renovar e a aprofundar a nossa Fé. Por isso, a formação cristã há-de estar no centro da nossa vivência da Quaresma. Talvez alguns de nós, durante a parte do ano pastoral já decorrida, ainda não tenham tido oportunidade de iniciar o estudo da III parte do Catecismo da Igreja Católica sobre a Moral do Seguimento de Cristo, que faz parte do nosso programa para o ano pastoral em curso. É bom que aproveitemos bem a Quaresma para ler ou reler o pequeno livro que publicámos com o resumo desta parte do Catecismo; é bom que cada uma das nossas comunidades, durante a Quaresma, encontre formas renovadas para relembrar a todos esta obrigação e ajudar a cumpri-la. Convido, por isso, para que os diferentes programas de formação da fé conduzidos por paróquias ou grupos de paróquias, nesta Quaresma, se orientem preferencialmente para aprofundar a Moral do Seguimento de Cristo. Também eu espero orientar nessa direcção as catequeses quaresmais durante os seis domingos da Quaresma.

Uma outra nota marcante, da nossa tradição diocesana, são os retiros organizados com proximidade à vida dos fiéis. Renovo o convite para que em cada arciprestado haja, nesta Quaresma, pelo menos um retiro aberto, com data e lugar atempadamente marcados e anunciados em todas as respectivas paróquias.

O Santo Padre, na sua mensagem para a Quaresma, convida-nos principalmente a viver o verdadeiro espírito do jejum que nos é recomendado pela disciplina da Igreja. Com a prática do jejum, queremos, antes de mais, dizer a nós mesmos e à sociedade o seguinte: é na relação de dependência amorosa com o Senhor da vida e do mundo que cumprimos a nossa vocação e a nossa missão.

É certo que o jejum também pode ser um bom contributo para a saúde física, para o fortalecimento da auto-disciplina e para a prática da solidariedade com os mais necessitados. Mas o essencial do nosso jejum é libertar-nos interiormente para a relação viva e vital com Cristo Ressuscitado.

Para além do jejum assim entendido, a Quaresma lembra-nos o grave dever da partilha de bens materiais com os mais necessitados.

Costumamos cumprir este dever com a nossa renúncia quaresmal. É costume, todos os anos, indicar um destino concreto para a renúncia quaresmal. O ano passado foi principalmente para as vítimas das grandes cheias que afectaram a vida de milhares moçambicanos. Este ano vamos destiná-la principalmente para apoio à Irmãs da Liga dos Servos de Jesus, que estão, desde há um ano, em Angola, na Diocese de Sumbe, a iniciar um projecto de acção missionária.

Também estamos muito sensibilizados para o número de desempregados que todos os dias cresce nos nossos meios. Por isso, uma parte dessa renúncia vamos destiná-la para ajudar famílias vítimas do desemprego e algumas a viverem situações de pobreza envergonhada. Procuraremos fazê-lo através dos serviços da Caritas implantados no terreno.

Mensagem de Bento XVI para a Quaresma 2009

“Jesus, após ter jejuado durante 40 dias e 40 noites, por fim, teve fome”(Mt 4, 2)

No início da Quaresma, que constitui um caminho de treino espiritual mais intenso, a Liturgia propõe-nos três práticas penitenciais muito queridas à tradição bíblica e cristã – a oração, a esmola, o jejum – a fim de nos predispormos para celebrar melhor a Páscoa e deste modo fazer experiência do poder de Deus que, como ouviremos na Vigília pascal, «derrota o mal, lava as culpas, restitui a inocência aos pecadores, a alegria aos aflitos. Dissipa o ódio, domina a insensibilidade dos poderosos, promove a concórdia e a paz» (Hino pascal). Na habitual Mensagem quaresmal, gostaria de reflectir este ano em particular sobre o valor e o sentido do jejum. De facto a Quaresma traz à mente os quarenta dias de jejum vividos pelo Senhor no deserto antes de empreender a sua missão pública. Lemos no Evangelho: «O Espírito conduziu Jesus ao deserto a fim de ser tentado pelo demónio. Jejuou durante quarenta dias e quarenta noites e, por fim, teve fome» (Mt 4, 1-2). Como Moisés antes de receber as Tábuas da Lei (cf. Êx 34, 28), como Elias antes de encontrar o Senhor no monte Oreb (cf. 1 Rs 19, 8), assim Jesus rezando e jejuando se preparou para a sua missão, cujo início foi um duro confronto com o tentador.

Podemos perguntar que valor e que sentido tem para nós, cristãos, privar-nos de algo que seria em si bom e útil para o nosso sustento. As Sagradas Escrituras e toda a tradição cristã ensinam que o jejum é de grande ajuda para evitar o pecado e tudo o que a ele induz. Por isto, na história da salvação é frequente o convite a jejuar. Já nas primeiras páginas da Sagrada Escritura o Senhor comanda que o homem se abstenha de comer o fruto proibido: «Podes comer o fruto de todas as árvores do jardim; mas não comas o da árvore da ciência do bem e do mal, porque, no dia em que o comeres, certamente morrerás» (Gn 2, 16-17). Comentando a ordem divina, São Basílio observa que «o jejum foi ordenado no Paraíso», e «o primeiro mandamento neste sentido foi dado a Adão». Portanto, ele conclui: «O "não comas" e, portanto, a lei do jejum e da abstinência» (cf. Sermo de jejunio: PG 31, 163, 98). Dado que todos estamos estorpecidos pelo pecado e pelas suas consequências, o jejum é-nos oferecido como um meio para restabelecer a amizade com o Senhor. Assim fez Esdras antes da viagem de regresso do exílio à Terra Prometida, convidando o povo reunido a jejuar «para nos humilhar – diz – diante do nosso Deus» (8, 21). O Omnipotente ouviu a sua prece e garantiu os seus favores e a sua protecção. O mesmo fizeram os habitantes de Ninive que, sensíveis ao apelo de Jonas ao arrependimento, proclamaram, como testemunho da sua sinceridade, um jejum dizendo: «Quem sabe se Deus não Se arrependerá, e acalmará o ardor da Sua ira, de modo que não pereçamos?» (3, 9). Também então Deus viu as suas obras e os poupou.

No Novo Testamento, Jesus ressalta a razão profunda do jejum, condenando a atitude dos fariseus, os quais observaram escrupulosamente as prescrições impostas pela lei, mas o seu coração estava distante de Deus. O verdadeiro jejum, repete também noutras partes o Mestre divino, é antes cumprir a vontade do Pai celeste, o qual «vê no oculto, recompensar-te-á» (Mt 6, 18). Ele próprio dá o exemplo respondendo a satanás, no final dos 40 dias transcorridos no deserto, que «nem só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus» (Mt 4, 4). O verdadeiro jejum finaliza-se portanto a comer o «verdadeiro alimento», que é fazer a vontade do Pai (cf. Jo 4, 34). Portanto, se Adão desobedeceu ao mandamento do Senhor «de não comer o fruto da árvore da ciência do bem e do mal», com o jejum o crente deseja submeter-se humildemente a Deus, confiando na sua bondade e misericórdia.

Encontramos a prática do jejum muito presente na primeira comunidade cristã (cf. Act 13, 3; 14, 22; 27, 21; 2 Cor 6, 5). Também os Padres da Igreja falam da força do jejum, capaz de impedir o pecado, de reprimir os desejos do «velho Adão», e de abrir no coração do crente o caminho para Deus. O jejum é também uma prática frequente e recomendada pelos santos de todas as épocas. Escreve São Pedro Crisólogo: «O jejum é a alma da oração e a misericórdia é a vida do jejum, portanto quem reza jejue. Quem jejua tenha misericórdia. Quem, ao pedir, deseja ser atendido, atenda quem a ele se dirige. Quem quer encontrar aberto em seu benefício o coração de Deus não feche o seu a quem o suplica» (Sermo 43; PL 52, 320.332).

Nos nossos dias, a prática do jejum parece ter perdido um pouco do seu valor espiritual e ter adquirido antes, numa cultura marcada pela busca da satisfação material, o valor de uma medida terapêutica para a cura do próprio corpo. Jejuar sem dúvida é bom para o bem-estar, mas para os crentes é em primeiro lugar uma «terapia» para curar tudo o que os impede de se conformarem com a vontade de Deus. Na Constituição apostólica Paenitemini de 1966, o Servo de Deus Paulo VI reconhecia a necessidade de colocar o jejum no contexto da chamada de cada cristão a «não viver mais para si mesmo, mas para aquele que o amou e se entregou a si por ele, e... também a viver pelos irmãos» (Cf. Cap. I). A Quaresma poderia ser uma ocasião oportuna para retomar as normas contidas na citada Constituição apostólica, valorizando o significado autêntico e perene desta antiga prática penitencial, que pode ajudar-nos a mortificar o nosso egoísmo e a abrir o coração ao amor de Deus e do próximo, primeiro e máximo mandamento da nova Lei e compêndio de todo o Evangelho (cf. Mt 22, 34-40).

A prática fiel do jejum contribui ainda para conferir unidade à pessoa, corpo e alma, ajudando-a a evitar o pecado e a crescer na intimidade com o Senhor. Santo Agostinho, que conhecia bem as próprias inclinações negativas e as definia «nó complicado e emaranhado» (Confissões, II, 10.18), no seu tratado A utilidade do jejum, escrevia: «Certamente é um suplício que me inflijo, mas para que Ele me perdoe; castigo-me por mim mesmo para que Ele me ajude, para aprazer aos seus olhos, para alcançar o agrado da sua doçura» (Sermo 400, 3, 3: L 40, 708). Privar-se do sustento material que alimenta o corpo facilita uma ulterior disposição para ouvir Cristo e para se alimentar da sua palavra de salvação. Com o jejum e com a oração permitimos que Ele venha saciar a fome mais profunda que vivemos no nosso íntimo: a fome e a sede de Deus.

Ao mesmo tempo, o jejum ajuda-nos a tomar consciência da situação na qual vivem tantos irmãos nossos. Na sua Primeira Carta São João admoesta: «Aquele que tiver bens deste mundo e vir o seu irmão sofrer necessidade, mas lhe fechar o seu coração, como estará nele o amor de Deus?» (3, 17). Jejuar voluntariamente ajuda-nos a cultivar o estilo do Bom Samaritano, que se inclina e socorre o irmão que sofre (cf. Enc. Deus caritas est, 15). Escolhendo livremente privar-nos de algo para ajudar os outros, mostramos concretamente que o próximo em dificuldade não nos é indiferente. Precisamente para manter viva esta atitude de acolhimento e de atenção para com os irmãos, encorajo as paróquias e todas as outras comunidades a intensificar na Quaresma a prática do jejum pessoal e comunitário, cultivando de igual modo a escuta da Palavra de Deus, a oração e a esmola. Foi este, desde o início o estilo da comunidade cristã, na qual eram feitas colectas especiais (cf. 2 Cor 8-9; Rm 15, 25-27), e os irmãos eram convidados a dar aos pobres quanto, graças ao jejum, tinham poupado (cf. Didascalia Ap., V, 20, 18). Também hoje esta prática deve ser redescoberta e encorajada, sobretudo durante o tempo litúrgico quaresmal.

De quanto disse sobressai com grande clareza que o jejum representa uma prática ascética importante, uma arma espiritual para lutar contra qualquer eventual apego desordenado a nós mesmos. Privar-se voluntariamente do prazer dos alimentos e de outros bens materiais, ajuda o discípulo de Cristo a controlar os apetites da natureza fragilizada pela culpa da origem, cujos efeitos negativos atingem toda a personalidade humana. Exorta oportunamente um antigo hino litúrgico quaresmal: «Utamur ergo parcius, / verbis, cibis et potibus, / somno, iocis et arcitius / perstemus in custodia – Usemos de modo mais sóbrio palavras, alimentos, bebidas, sono e jogos, e permaneçamos mais atentamente vigilantes».

Queridos irmãos e irmãos, considerando bem, o jejum tem como sua finalidade última ajudar cada um de nós, como escrevia o Servo de Deus Papa João Paulo II, a fazer dom total de si a Deus (cf. Enc. Veritatis splendor, 21). A Quaresma seja portanto valorizada em cada família e em cada comunidade cristã para afastar tudo o que distrai o espírito e para intensificar o que alimenta a alma abrindo-a ao amor de Deus e do próximo. Penso em particular num maior compromisso na oração, na lectio divina, no recurso ao Sacramento da Reconciliação e na participação activa na Eucaristia, sobretudo na Santa Missa dominical. Com esta disposição interior entremos no clima penitencial da Quaresma. Acompanhe-nos a Bem-Aventurada Virgem Maria, Causa nostrae laetitiae, e ampare-nos no esforço de libertar o nosso coração da escravidão do pecado para o tornar cada vez mais «tabernáculo vivo de Deus». Com estes votos, ao garantir a minha oração para que cada crente e comunidade eclesial percorra um proveitoso itinerário quaresmal, concedo de coração a todos a Bênção Apostólica.

BENEDICTUS PP. XVI

sexta-feira, fevereiro 13, 2009

A força do amor

“À medida que o ser evolui, o seu amor se torna cada vez mais espiritual. O Amor vai se transformando, ao longo da evolução, desde o amor egoísta, familiar, nacional, humanidade, altruísta até a unificação com Deus” (Pietro Ubaldi)

"Se um dia tiver que escolher entre o mundo e o amor... Lembra-te. Se escolher o mundo ficarás sem o amor, mas se escolher o amor com ele conquistarás o mundo" (Albert Einstein).


"Se sabes explicar o que sentes, não amas, pois o amor foge a todas as explicações possíveis". (Drumond)
"Não podemos fazer grandes coisas na Terra. Tudo o que podemos fazer são pequenas coisas com muito amor". (Madre Teresa).

"Eu posso ver, e é por isso que eu posso estar contente naquilo que tu chamas escuridão, mas, que para mim é dourada, eu posso ver um mundo feito por Deus, não um mundo feito pelo homem. (Helen Keller – escritora cega)
"O amor nunca reclama; dá sempre. O amor tolera, nunca se irrita, nunca se vinga. (Indira Gandhi)
"O AMOR é a estrada mestra para chegar a Deus" (Pietro Ubaldi)

domingo, fevereiro 08, 2009

O QUE OS NOIVOS DEVEM SABER - O Matrimónio no Direito da Igreja

"Entre os baptizados a aliança matrimonial, pelo qual o homem e a mulher constituem entre si uma comunhão íntima de toda a vida, ordenada por sua índole natural ao bem dos cônjuges e à procriação e educação da prole, foi elevado por Cristo Nosso Senhor à dignidade de sacramento" (cân.1055)


O Matrimónio (cân. 1055 a 1165)

É necessário reportarmo-nos aos textos do II Concílio do Vaticano, e em particular à Constituição Pastoral 'Gaudium et Spes' n.º 48, para compreendermos a novidade da definição de casamento dada pelo Código.

A Constituição pastoral sobre a Igreja no mundo actual diz, com efeito: 'A íntima comunidade da vida e do amor conjugal, fundada pelo Criador e dotada de leis próprias, é instituída por meio do contrato matrimonial, ou seja com o irrevogável consentimento pessoal. Deste modo, por meio do acto humano com o qual os cônjuges mutuamente se dão e recebem um ao outro, nasce uma instituição também à face da sociedade, confirmada pela lei divina.'

O matrimónio, pelo qual o homem e a mulher se comprometem a constituir entre si uma comunidade de toda a vida, está, pela sua própria natureza, ordenado ao bem dos esposos e à procriação e educação dos filhos. Para os baptizados, Cristo elevou o matrimónio à dignidade de sacramento (cân. 1055, § 1). É por isso que, entre baptizados, o contrato matrimonial não pode existir validamente sem ser, ao mesmo tempo, sacramento (§ 2).

O matrimónio baseia-se no consentimento das partes, isto é no acto de vontade pela qual um homem e uma mulher, que para este efeito são juridicamente capazes, manifestam que se entregam e se recebem mutuamente através de um compromisso irrevogável (cân. 1057, § 1 e § 2).

As propriedades essenciais do matrimónio são a unidade e a indissolubilidade que, em razão do sacramento, adquirem uma firmeza particular no matrimónio cristão (cân. 1056). O matrimónio dos católicos, mesmo que só uma das partes seja católica, rege-se pelo direito canónico; o poder civil é competente apenas no que se refere aos efeitos puramente civis do matrimónio (cân. 1059).

Todos aqueles que não estão proibidos pelo direito podem contrair matrimónio (cân. 1058).

O matrimónio diz-se 'ratum' (rato) quando teve lugar validamente entre dois baptizados. Diz-se 'consummatum' (consumado) após o acto conjugal 'realizado de modo humano', especifica o Código no cânon 1061, § 1, ou seja, num "acto conjugal de si apto para a geração da prole, ao qual, por sua natureza, se ordena o matrimónio e com o qual os cônjuges se tornam uma só carne'. O matrimónio presume-se consumado, salvo prova em contrário, desde que tenha havido coabitação (cân. 1061, § 1 e § 2).

Um matrimónio inválido diz-se putativo se tiver sido celebrado de boa fé ao menos por parte de um dos cônjuges, até que ambas as partes venham a certificar-se da sua nulidade (cân. 1061, § 3). O direito considera como legítimos os filhos nascidos de um tal matrimónio (cân. 1137).


Bibliografia:

El Matrimonio en el derecho de la Iglesia. Lo que debem saber los contrayentes, in CONFERENCIA EPISCOPAL ESPAÑOLA, Preparación al matrimonio cristiano, Madrid, 2001, 124-140.

ROGER PALAU, Guia Prático do Novo Código de Direito Canónio, Gráfica de Coimbra, 1984, 138-159.

UNIVERSIDADE DE NAVARRA. INSTITUTO MARTIN DE AZPILCUETA, Código de Direito Canónico anotado, Ed. Theologica, Braga 1984.