segunda-feira, abril 30, 2007

Ontem, mais de 2000 pessoas, participaram na VIII Jornada Eucaristica Arciprestal


É já uma tradição, uma boa tradição!
Começou há 8 anos e continua com a mesma força, o mesmo entusiasmo... poderíamos pensar que, com o decorrer do tempo, as pessoas deixariam de acorrer... mas a multidão que, ontem esteve presente, prova o contrário. Valeu a pena, e, por isso mesmo, estão todos de parabéns. Estiveram presentes pessoas das 22 paróquais do concelho.

Uma só Eucaristia para todo o concelho, uma só família, todos à volta do mesmo altar...

É com esta e com outras actividades de conjunto a nível arciprestal (o crisma, preparação para o sacramento do Baptismo, catequese no Centro Pastoral D. João de Oliveira Matos de todos os alunos do 5º e 6º ano) que queremos ajudar os cristãos de Celorico da Beira a compreender, a aceitar e a empreender a renovação e as mudanças que se impõem. Não basta falar teoricamente na necessidade das novas unidades pastorais. É necessário estar convencido e não ter medo de dar passos concretos...

O Pe. Martins, no ano em que celebrou as bodas de prata sacerdotais, deixou-nos uma proposta de mudança na vida e acção pastoral das comunidades cristãs, sobretudo no mundo rural: "MENOS PADRES, CRISTÃOS MAIS COMPROMETIDOS E NOVAS UNIDADES PASTORAIS". É necessário e urgente encontrar novos pólos de dinamização da acção pastoral e da vida cristã.

No final da Eucaristia, não se esqueceu de referir a sua longa experiência de viva em comunidade. Apesar dos contratempos, é já uma experiência que dura há 20 anos!!! Viveu 6 anos na comunidade de S. Miguel da Guarda e vive há 14 anos na comunidade de Celorico da Beira.
Todos nós concordamos que a vida em comunidade é um passo importante para a criação de uma unidade pastoral...

sexta-feira, abril 27, 2007

Novas Unidades Pastorais (III Capítulo do livro do Pe. Martins)

Uma exigência da realidade

Tendo presente, por um lado, o que é a paróquia, a missão da Igreja que nela se deve concretizar e os diferentes serviços e ministérios que essa missão pressupõe, e, por outro lado, olhando para a realidade das paróquias que temos, concluímos que a maior parte destas paróquias não preenchem os requisitos eclesiais para continuarem a ser consideradas e tratadas como tal.
Na verdade, em muitas das actuais paróquias, não existem alunos nem catequistas para se poder organizar e garantir a catequese de um modo minimamente adequado e eficaz. Ao nível da liturgia, também não garantem os respectivos ministérios. E o mesmo se pode dizer em relação aos serviços da caridade. E ainda a falta de vocações de consagração. Ora, sem vocações não é possível realizar a missão da Igreja!
Tudo isto mostra e prova que estas paróquias não são verdadeiras “comunidades de fé e de ministérios”, ou seja, não são paróquias de verdade.

O que são e como funcionam.
Que resposta dar a esta situação? Como solução possível, fala-se da criação de novas unidades pastorais. E algo já está a ser feito nessa linha.
As unidades pastorais poderão resultar do conjunto de paróquias confiadas a um ou vários sacerdotes. Nalguns casos, poderão ser formadas por todo um arciprestado.
Sem que se altere, para já, o seu estatuto jurídico, estas paróquias, a nível pastoral, passarão a ser olhadas e tratadas como um todo.
Haverá um programa conjunto de acção pastoral e de vida cristã, elaborado na base da realidade das comunidades e dos agentes pastorais disponíveis nas mesmas.
Estes agentes pastorais (sacerdotes, consagrados e leigos) trabalharão, não em função das comunidades a que pertencem ou pelas quais são mais directamente responsáveis, mas em função do todo da unidade pastoral. Deste modo, aproveitar-se-ão melhor as capacidades e os carismas de cada um ao serviço de todos.
A programação, a responsabilidade pela sua execução e a subsequente avaliação caberá a uma equipa pastoral ( ou conselho pastoral). Esta terá como coordenador um sacerdote e integrará representantes dos consagrados, se os houver, e dos leigos das diferentes comunidades.
As unidades pastorais, na medida em que o forem, assegurarão a unidade de critérios pastorais em todas as comunidades cristãs que a compõem. Assim, em todas se seguirão as mesmas normas e práticas no que diz respeito à preparação dos sacramentos, aos padrinhos de baptismo, à celebração das festas, aos emolumentos pelos serviços prestados ...
Como já referimos, estas unidades pastorais, na medida em que são orientadas e animadas por um trabalho em equipa, garantem um melhor aproveitamento dos diferentes agentes pastorais. Cada um, segundo os dons recebidos e as capacidades desenvolvidas, pode dar o melhor de si mesmo em prol das várias comunidades.
Nesta linha, poderão ser distribuídas responsabilidades segundo os diversos sectores da pastoral: catequese de crianças, de jovens e de adultos, liturgia e preparação para os sacramentos, casais e família, serviços sócio-caritativos.
As unidades pastorais não vêm eliminar, sem mais, a vida cristã nas comunidades cristãs mais pequenas. Estas continuarão a ter, ainda que, muitas vezes, a um outro ritmo e com outra intensidade, a celebração dos sacramentos, as suas devoções próprias e algumas acções de formação e outros serviços.
No entanto há muitas coisas que, a nível da tríplice missão da Igreja, podem e devem ser realizadas em comum. As unidades pastorais não só pressupõem uma programação conjunta e unidade de critérios, como também reclamam que haja uma actuação conjunta.
Em concreto:

a) A nível da catequese, como já aludimos, muitas paróquias, por falta de alunos e de catequistas, já não a podem garantir. Afigura-se, pois, como urgente caminhar, conforme os casos e as possibilidades, para a criação de núcleos ou mesmo de um único centro de catequese, que sirvam algumas ou todas as comunidades da unidade pastoral. Deste modo, será mais fácil formar verdadeiros grupos de catequese e providenciar catequistas mais bem preparados para os mesmos.

b) As reuniões e a formação dos catequistas podem ser feitas em conjunto. O mesmo se diga em relação aos coros e equipas litúrgicas, bem como a outros grupos ou movimentos existentes no âmbito da unidade pastoral.
Procedendo assim, não só poupa no trabalho e no tempo quem deve orientar estas acções, como se torna mais atractivo e enriquecedor para os participantes.

c) A preparação para os sacramentos, muito concretamente para o matrimónio (os noivos) e para o baptismo (pais e padrinhos). E aqui valem as mesmas razões da alínea anterior.

d) Também ao nível dos sacramentos pode haver celebrações conjuntas para toda a unidade pastoral. Isso parece ser bastante óbvio quanto ao sacramento da Confirmação e, embora menos, em relação ao Baptismo. Na prática, já está a acontecer, com alguma frequência, a celebração conjunta do sacramento da confirmação para várias paróquias ou mesmo para todo um arciprestado.

e) Também parece lógico e mais fácil organizar os serviços da caridade a nível das unidades pastorais. Diremos mesmo que, de outro modo, não será possível pô-los a funcionar. Isto não impede, bem pelo contrário, que em cada comunidade haja alguém atento e responsável pelo que aí se passa. O conhecimento e a actuação directa são indispensáveis, para que os organismos possam cumprir bem a sua missão.

f) Uma palavra especial sobre a celebração da Eucaristia dominical. Nas presentes circunstâncias, não é possível nem se justifica celebrar a Eucaristia todos os domingos em todas as comunidades, mesmo nas sedes de paróquia.
Não é possível, porque não há sacerdotes suficientes para que tal aconteça. Convém lembrar que os sacerdotes não podem celebrar a Eucaristia quantas vezes querem ou lhe pedem. O máximo, e é com um licença especial, o sacerdote pode celebrar quatro vezes a Eucaristia no Domingo.
Ora, um sacerdote que tem seis ou mais paróquias não pode celebrar em todas todos os domingos.
Não se justifica a celebração da Eucaristia todos os domingos, em comunidades com um reduzido número de pessoas e que facilmente se podem deslocar a outra comunidade, ou em comunidades que estão muito próximas ( por vezes, a menos de 1Km!).
Parece lógico que, em tais situações, haja a celebração rotativa ou alternada nessas comunidades. Não seria justo que fossem sempre as mesmas comunidades a ficar privas da celebração da Eucaristia dominical!
Quem tem fé viva e tem meios (saúde ou transporte) não deixará de se deslocar a outra comunidade para celebrar o Domingo, participando aí na Eucaristia. Quando falta a fé, não há razões que consigam vencer o comodismo e o bairrismo das pessoas!
A Igreja não esquece os idosos, os doentes e todos aqueles que, por algum motivo razoável, não podem deslocar-se. Para esses, no domingo em que não há celebração da Eucaristia, providencia-se, como já acontece largamente, a Celebração da Palavra, ou melhor, a Celebração do Domingo na ausência do presbítero, a que já aludimos antes.

Nesta análise e reflexão, tivemos diante de nós a realidade das paróquias do mundo rural. No entanto, e como dissemos na introdução, as unidades pastorais devem também implementar-se nas áreas urbanas.
Nas cidades, as paróquias estão coladas umas às outras. Aí, as fronteiras geográficas não são visíveis, mas a separação entre as comunidades é, por vezes, muito acentuada.
Apesar da proximidade, cada paróquia, como um mundo fechado e autónomo, procura garantir tudo aos seus fiéis, ao nível do ensino, da liturgia e da caridade, preocupando-se exclusivamente com eles. E, o pior ainda, com disparidade de critérios pastorais.
É evidente e censurável “o desperdício” dos recursos humanos e dos serviços prestados, que poderiam abranger e beneficiar muitas mais pessoas!
Também nas cidades, as unidades pastorais garantirão um melhor aproveitamento dos agentes, a necessária unidade de critérios e, consequentemente, uma maior eficácia.

Vantagens das unidades pastorais
a) Um mesmo programa, a mesma orientação e os mesmos critérios tornam possível uma acção pastoral mais concertada e mais credível.
Quando se seguem critérios diferentes em paróquias vizinhas, os fiéis ficam confusos e na dúvida sobre quem tem ou não tem razão. E há sempre a tentação, sobretudo entre os cristãos menos esclarecidos e comprometidos, de dar a razão aos que “facilitam as coisas”. E isto dificulta a vida e a acção pastoral daqueles que procuram seguir as orientações e aplicar as normas da Igreja.
Se existirem e funcionarem bem as unidades pastorais, estes perigos e dificuldades serão mais facilmente evitadas ou superadas.

b) Com menos agentes pastorais e com menos trabalho, pode-se fazer mais e melhor, atingindo mais pessoas. De facto, trabalhando em conjunto, reduz-se o número de reuniões, de acções de formação e de celebrações, porque não é necessário repetir o mesmo em todas as comunidades.
Além disso, é mais fácil encontrar pessoas disponíveis para os diversos serviços e ministérios. Sendo necessários menos, é possível escolher os melhores e prepará-los mais adequadamente. São precisos menos porque, como já dissemos, eles trabalharão em função do todo da unidade pastoral e não para que tudo continue na mesma em cada comunidade.

c) Ajuda a criar uma nova consciência de pertença à Igreja e promove uma mais alargada e consistente comunhão eclesial.
E uma comunidade mais alargada e mais viva, mais dinâmica e comprometida, que vive em sintonia e sente ao ritmo da Igreja, oferecerá um ambiente mais propício ao desabrochar das vocações de consagração e das vocações laicais.

Dificuldades e exigências

a) Este modelo pastoral implica trabalho em equipa. Os sacerdotes precisam de trabalhar (programar, organizar, executar e avaliar) em comum e em comunhão com os outros sacerdotes e com os leigos, ou seja, com aqueles que constituem a equipa pastoral.
Não parece fácil, mas é necessário e urgente, vencer o individualismo e a convicção errada de que o padre é o único senhor absoluto e absolutamente sozinho das paróquias que lhe estão confiadas.
O trabalho em equipa afigura-se, cada vez mais, como uma exigência do ministério sacerdotal. Este modo de trabalhar é facilitado, quando existe entre os sacerdotes algum tipo de vida em comum.
Ora, não havendo, entre os sacerdotes, grande sensibilidade para este modo de vida, compreende-se que também não seja fácil aquele modo de trabalhar.
É necessário formar e motivar os sacerdotes, de modo a que se opere a sua conversão a estes valores. A fidelidade à missão passa certamente por aqui!

b)Temos que contar também com a resistência de muitos cristãos.
Resistem aqueles cristãos para os quais a paróquia tem sido o único mundo da sua fé, isto é, aqueles que continuam a viver a sua fé exclusivamente no âmbito das suas respectivas comunidades.
O comodismo leva-os a querer tudo nas suas paróquias. O egoísmo torna-os indiferentes às necessidades e aos direitos dos outros. Um certo bairrismo ou mesmo alguma rivalidade entre terras vizinhas leva muitos cristãos a excluir a hipótese de participar em actividades pastorais ou celebrar a fé noutras comunidades.
Importa, pois, ajudar os cristãos a compreender e a integrar-se de um modo positivo e empenhado nas novas unidades pastorais.
Teoricamente, os cristãos sabem que, pela fé e pelo baptismo, pertencem à mesma família de Deus, que é a Igreja. Na prática, impõe-se que tomem consciência disso e assumam as respectivas exigências e consequências.
Não podemos ser cristãos e não viver em comunhão com todos quantos fazem parte desta família de Deus. E esta comunhão deve traduzir-se em actos concretos, sobretudo com aqueles cristãos e aquelas comunidades que se encontram e vivem mais perto de nós.
Mais, ser cristão católico implica ter um coração universal, capaz de acolher todas as pessoas, muito mais os irmãos na fé, vencendo fronteiras e preconceitos.
Não representa qualquer tipo de desprestígio, como alguns erradamente pensam e sentem, deslocar-se a outra comunidade. Mau sinal, isso sim, é não ter fé suficiente para o fazer de boa vontade e com alegria.
Muitos cristãos continuam a olhar para o seu pároco e a fazer-lhe exigências como se este não tivesse qualquer direito nem tivesse outros deveres a cumprir.
Esquecem que o dia do padre não tem mais horas, que a sua resistência também tem limites e que há normas e leis que ele deve seguir e cumprir. Esquecem, embora o saibam perfeitamente, que o seu pároco tem outras comunidades ao seu cuidado pastoral e que estas comunidades também têm as suas necessidades e os seus direitos.
Como pastor e pai (padre significa pai), o sacerdote deve zelar e cuidar de todos os seus paroquianos. Não pode privilegiar uns em detrimento dos direitos e das necessidades dos outros.
Como pastor comum, deve ajudar os fiéis a viver em comum a sua fé e a abrirem-se aos demais. E na medida em que o próprio sacerdote trabalhar em equipa com outros sacerdotes, mais fácil se tornará empreender a abertura dos fiéis a outras comunidades cristãs.
Que pensaríamos de um pai que, tendo muitos filhos e pouco pão, em vez de o distribuir por todos, o desse apenas a alguns, deixando morrer os outros à fome? Não parece mais justo e mais sensato que, na expectativa de melhores dias, atenda e cuide de todos, dentro do que lhe é possível, para que todos os filhos possam sobreviver? E os filhos, na medida em que se amam como verdadeiros irmãos, não poderão deixar de estar de acordo com a segunda hipótese.
Dentro desta perspectiva deve situar-se a actuação e a atitude do sacerdote e dos fiéis. O pároco, na fidelidade à sua missão, deve gerir o seu tempo em função do que é mais importante e das reais necessidades de todos os seus paroquianos. Por sua vez, os cristãos devem estar dispostos a vencer o seu comodismo e a alterar alguns dos seus hábitos.
Usando ainda a imagem dos pais, vejamos, agora, o problema desde uma outra perspectiva. Continuemos a imaginar uns pais (pai e mãe) que têm vários filhos que já vivem fora de casa.
Na celebração das festas familiares mais assinaladas, como o Natal, a Páscoa, o aniversário dos próprios pais, os filhos não lhes vão exigir que, nesses dias, passem pela casa de todos eles e celebrem assim a respectiva festa com cada um.
Parece mais lógico e razoável que todos se reunam em casa dos pais ou, atendendo às circunstâncias, na casa de um dos filhos. Só assim será uma verdadeira festa familiar. E cada filho deve sentir a necessidade de celebrar a festa não só com os pais, mas também com os irmãos.
Que pensar do filho que se recusa a sair de sua casa para se encontrar com os pais e os irmãos num outro lugar, ainda que se mostre disponível para os acolher em sua casa?
Do mesmo modo, que pensar dos cristãos que não aceitam sair da sua terra e ir ao encontro dos outros cristãos para aprofundar ou celebrar a sua fé, mesmo que não excluam que os outros possam vir à sua comunidade?
Não basta dizer que somos cristãos, que pertencemos à Igreja, que fazemos parte da mesma família de Deus. É indispensável corresponder às exigências inerentes a essa realidade!

c)As unidades pastorais, para poderem efectivamente funcionar como tal, precisam de suporte logístico e de meios de transporte. Com efeito, se se pretende avançar, como parece ser esse o caminho, para a catequese e outras iniciativas conjuntas, são necessárias instalações e meios adequados a esses objectivos.
Há que aproveitar, adaptando se necessário, o que já existe, como algum centro paroquial. Caso contrário, deve investir-se, com a participação e colaboração de todas as comunidades, criando as estruturas necessárias. Este será seguramente um investimento bom e com futuro!

sábado, abril 21, 2007

Domingo do Bom Pastor - Domingo das Vocações

A Jornada Eucarística coincide com o Domingo do Bom Pastor – o Dia Mundial de Oração pelas Vocações. Na mensagem para este dia, o Santo padre escreve: “O Dia mundial de Oração pelas Vocações é uma bela ocasião para vos colocar diante da importância das vocações para a vida e missão da Igreja e para intensificarmos as nossas orações para o seu crescimento em número e em qualidade”.

Deus quer precisar de homens e de mulheres que, na continuidade da missão de Jesus, colaborem com Ele na obra de salvação da humanidade. Na verdade, Deus pede a algumas pessoas (a jovens e a menos jovens) que se consagrem inteiramente ao serviço do Reino.
Vamos rezar para que o apelo e a proposta de Deus encontrem eco e as pessoas sejam generosas na resposta que dão. Além disso, cada um de nós deve também descobrir o que Deus quer da sua vida. Todos temos uma missão a cumprir e a nossa realização e felicidade dependem da fidelidade a essa missão.


PROGRAMA da VIII JORNADA EUCARISTICA
  • 15.30h – concentração no Mercado municipal e ensaio
  • 16.00h – Eucaristia, presidida pelo Senhor Bispo
    - Procissão do Santíssimo

VIII Jornada Eucarística Arciprestal (29 de Abril de 2007)

A Eucaristia – o Sacramento da Caridade

O Santo Padre, na recente Exortação Apostólica que escreveu, apresenta a Eucaristia como “o Sacramento da Caridade”. Por um lado e em primeiro lugar, a Eucaristia é o sacramento do amor de Deus pelos homens. Por outro lado e como consequência, a Eucaristia impele os homens a amar o seu semelhante, correspondendo assim ao amor de Deus.
O Papa Bento XVI começa com estas palavras: “a santíssima Eucaristia é a doação que Jesus Cristo fez de si mesmo, revelando-nos o amor infinito de Deus por cada ser humano”. Na oferta que Jesus faz da sua vida, o amor de Deus é levado até ao extremo. Deste modo, o amor de Deus vence o pecado e salva a humanidade inteira.
A Eucaristia, que Jesus instituiu durante a última Ceia, é o memorial da sua paixão, morte e ressurreição. Assim, todas as vezes que se celebra a Eucaristia é actualizado, no hoje da vida dos homens, o mistério da salvação. Em cada celebração da Eucaristia, até ao fim da história, renova-se a Páscoa de Jesus, ou seja, Jesus continua a oferecer a sua vida por todos e a todos se oferece como o Pão da vida eterna.
Na celebração da Eucaristia, o cristão encontra-se com o Senhor ressuscitado, Aquele que venceu o pecado e a morte do homem, dando assim início a um mundo novo e a uma nova humanidade.
Por sua vez, o cristão, na medida em que o é de verdade, é chamado a colaborar com Cristo na construção do mundo novo – aquele mundo que Deus, movido pelo amor e em vista da felicidade do homem, quer estabelecer na terra. Essa é uma exigência e uma obrigação que decorrem da própria participação na Eucaristia. A Eucaristia leva necessariamente ao compro-misso de vida!
O Cristão colabora com Cristo vivendo o mandamento do amor ao próximo; vivendo segundo os valores humanos, morais e espirituais do Evangelho; investindo as suas capacidades e talentos ao serviço do desenvolvimento justo e harmonioso da sociedade; indo ao encontro das necessidades dos homens, sobretudo dos mais esquecidos, partilhando com eles o que somos, a nossa vida, o nosso tempo, os nossos afectos e os nossos bens; vivendo e promovendo a unidade e a comunhão entre todos os homens; empenhando-se na edificação da paz.

A Jornada Eucarística, que este ano se realiza no dia 29 de Abril, é essencialmente o encontro dos cristãos de todas as paróquias do Arciprestado de Celorico da Beira em torno da Eucaristia.
Com esta celebração, pretende-se, por um lado, evidenciar a importância fundamental da Eucaristia na vida dos cristãos, e, por outro lado, manifestar e promover a unidade entre todas as comunidades cristãs.
Quem acredita no Senhor ressuscitado (a ressurreição de Cristo é o fundamento último da nossa fé) sente uma necessidade íntima e intensa de se encontrar com Ele, participando na Euca-ristia dominical.
Na verdade, graças a Eucaristia, nós podemos fazer, no hoje da nossa vida e da vida da nossa comunidade, a experiência da Páscoa. É o mesmo Jesus que nós podemos encontrar e acolher na nossa vida. É uma pena não aproveitarmos esta extraordinária e maravilhosa oportunidade!
Sendo assim, quem acredita efectivamente no Senhor da vida, olha e considera a participação na Eucaristia não como uma obrigação imposta de fora, mas como uma necessidade sentida por dentro. Esse até está disposto a sacrificar-se e a deslocar-se a outros lugares e comunidades para celebrar o Dia do senhor, e fá-lo de bom grado e com alegria!

Como dissemos, a Jornada Eucarística ajuda-nos a viver e a testemunhar a comunhão que deve existir entre os cristãos e as diferentes comunidades cristãs que constituem o nosso arciprestado. A Eucaristia ajuda-nos a construir essa unidade e comu-nhão, pois é “o Sacramento da Caridade”.
Gostaríamos que esta mesma unidade fosse também vivida ao nível das famílias. Nesse sentido, propomos que, na celebração da Jornada Eucarística deste ano, as famílias se apresentem como tal, ou seja, os pais, filhos e os familiares mais próximos devem ficar juntos durante a celebração. É importante viver a Eucaristia como família e compreender que esta faz parte de uma família mais alargada - a Igreja de Cristo.

Exortamos todos os cristãos (crianças, jovens e adultos) a participarem, com entusiasmo e com alegria, nesta celebração. Disponde o vosso coração e o vosso tempo. Deixai que Deus vos toque e avivai a fé que ainda existe em vós.

segunda-feira, abril 16, 2007

Menos padres, Cristãos mais comprometidos e Novas Unidades Pastorais - O novo livro do Pe. Martins

Menos Padres...
Um dos problemas que mais preocupa e afecta a Igreja é, sem dúvida alguma, a progressiva diminuição de sacerdotes.
Em arciprestados onde, há algumas décadas, trabalhavam dez ou mais sacerdotes, hoje são apenas três ou quatro. Como resultado, são muitos os sacerdotes que têm a seu cuidado seis ou mais paróquias. E as consequências que daí derivam para a acção pastoral e para a vida das comunidades são necessariamente muitas.
No entanto, do simples facto de serem menos não se pode concluir, sem mais, que os sacerdotes sejam poucos.
Não será que, em parte, os sacerdotes são poucos, porque ainda continuam a fazer muitas coisas que podem e devem ser feitas por leigos? Não estamos a falar de tarefas e responsabilidades que os leigos assumam pelo facto de os sacerdotes serem menos, mas porque são próprias da sua vocação laical!
Não será que os sacerdotes são poucos, porque queremos manter o número e o tipo de paróquias que temos?
Na realidade, temos paróquias com menos de cem habitantes! Muitas outras não ultrapassam as duas ou três centenas. E muitas dessas pessoas, embora baptizadas, não se encontram minimamente inseridas na vida da comunidade cristã, tendo com ela apenas uma relação ocasional (o casamento, o baptismo dos filhos, o funeral de algum parente ou amigo).
Depois, existem paróquias que se encontram muito próximas umas das outras ( 1,2 ou 3 Km). Porém, apesar de geograficamente vizinhas, estão muito distantes a nível eclesial. Constituem mundos à parte, como se não fizessem parte da mesma Igreja, da mesma e única família de Deus!
É claro que para manter esta situação os padres são poucos. Mas também é claro que esta situação não se deve manter!
A fé e a comunhão eclesial exigem que se empreenda uma nova reorganização das comunidades cristãs, se implemente um novo modelo de acção pastoral e se fomente um novo modo de celebrar e viver a fé.
Então, os padres já não serão tão poucos como isso!

... e paróquias a mais.
A exagerada criação de paróquias acontece em tempos de abundância de clero. Nesses tempos, e tempos houve em que os padres eram em demasia, tornava-se necessário garantir a todos um lugar (um ofício) bem como o indispensável sustento.
Assim, quando uma comunidade (ou o conjunto de pequenas comunidades) podia prover ao sustento de um sacerdote, era constituída em paróquia. E a excessiva abundância de clero permitiu e explica que até muitas famílias ricas, que tinham uma capela privada, tivessem também o seu próprio capelão!
Na paróquia, o sacerdote fazia tudo, e tinha tempo para fazer tudo, quer no que se refere à sua administração quer no que diz respeito à vida religiosa da mesma.
Neste tipo de paróquia, os leigos viviam completamente alheados da sua vocação e missão na Igreja e no mundo. Limitavam-se a assistir às celebrações religiosas e a dar o seu contributo económico para o sustento do culto e do clero.
De um modo geral, os cristãos não tinham uma fé esclarecida pela palavra de Deus. A Bíblia não estava ao alcance dos leigos. Não havia lugar para uma participação activa e consciente na liturgia. O sacerdote era o único protagonista e os leigos meros espectadores! E as implicações sociais da fé não eram tidas na devida conta.
Como tudo se passava no pequeno e fechado mundo da sua paróquia, os horizontes de pertença à Igreja eram muito restritos. Com muita dificuldade, os cristãos conseguiam ver e sentir para além da torre da igreja e das fronteiras da paróquia.
Ainda hoje, muitos cristãos têm dificuldade em compreender e viver a fé à luz da sua pertença à Igreja universal. Sentem-se amarrados aos limites da sua terra. Alguns nem sequer conseguem viver a sua fé no âmbito da comunhão paroquial. Não estão dispostos a encontrar-se com Jesus e com Deus noutros lugares e no seio de outras comunidades. Esses esquecem que a verdadeira fé vence todos os bairrismos e particularismos!

O que entretanto mudou
Felizmente, graças ao Espírito Santo, já muito mudou com o Concílio Vaticano II e a partir dele. Hoje é muito diferente e mais ajustada a visão que temos da Igreja, do ministério sacerdotal e da missão dos leigos.
Já há leigos, em quase todas as paróquias, que assumem alguma responsabilidade e exercem algum ministério. Por sua vez, os povos já compreendem e aceitam melhor que certas funções, até há pouco monopólio dos sacerdotes, sejam desempenhadas pelos leigos.
Todavia, ainda permanecem muitos sinais e efeitos da visão e mentalidade anteriores. De facto, muitos cristãos (entre os quais podemos incluir alguns padres) persistem em querer e exigir que o sacerdote faça também a parte dos leigos. Propositadamente esquecem, porque assim lhes convém, que os baptizados, pelo facto de o serem, participam da tríplice missão da Igreja (ensinar, santificar e servir).

É curioso notar que a diminuição dos sacerdotes se segue ao Concílio Vaticano II. Este dá início ao fim de uma Igreja eminentemente clerical. E uma Igreja menos clerical precisa, como é obvio, de menos padres e aproveita melhor os padres que tem!
Na verdade, à medida que os leigos assumem o papel que lhes cabe dentro da Igreja, os sacerdotes ficam mais disponíveis para aquilo que é específico da sua missão. E, nessa mesma medida, podem estender a sua acção, naquilo que lhes é próprio, a outras comunidades.
Além disso, à medida que se forem libertando os sacerdotes de certas funções burocráticas e administrativas, que não exigem o poder da ordem e que, por isso mesmo, podem ser exercidas pelos leigos, haverá mais sacerdotes disponíveis para o serviço pastoral das comunidades cristãs.
Embora seja preocupante a actual crise de vocações sacerdotais, ela seria muito mais dramática se tivéssemos de a olhar e vencer sem a luz da nova eclesiologia conciliar. Há, pois, nesta situação uma reveladora e providencial coincidência!

Depois, também é curioso notar que o início da diminuição dos sacerdotes coincide com a vulgarização do automóvel. Este facto veio permitir que um mesmo sacerdote se possa ocupar pastoralmente de várias comunidades.
Trata-se de mais uma feliz coincidência! Ou melhor, de um outro facto e sinal da providência de Deus! Na realidade, seria muito mais dramática a falta de clero sem os actuais meios de transporte que possuímos!
É evidente que, com a colaboração dos leigos e a facilidade de deslocação, o sacerdote pode chegar mais longe e a mais comunidades. Todavia, tudo tem um limite.
E há um critério para esse limite. Um critério que nos é dado por Jesus, quando se apresenta na sua missão de Bom Pastor. “Conheço as minhas ovelhas e as minhas ovelhas conhecem-me” (Jo 10,13). O sacerdote, enquanto pastor que é, deve poder conhecer e amar aqueles que é chamado a servir em nome de Jesus.
Não basta que o sacerdote garanta o culto nas diferentes paróquias. Ele não pode descuidar ou pôr de lado a sua missão de pastor. Porém, tudo isso tem um limite. E na hora de atribuir mais paróquias, o Bispo não pode esquecer, por um lado, as reais exigências da missão do padre e, por outro lado, as suas contingências humanas.

Nos nossos dias, o automóvel vulgarizou-se de tal modo que quase todas as pessoas têm acesso a este meio de transporte. Parece lógico e é de esperar que os cristãos também o usem ao serviço da sua fé.
Os cristãos, quando acreditam de verdade, quando têm consciência da sua pertença à Igreja e quando vivem a comunhão eclesial, são capazes de se deslocar para participarem na Eucaristia ou para aprofundarem a sua fé noutras terras e com os cristãos de outras comunidades.
A fé, quando é autêntica, e a comunhão eclesial, quando é sentida, levam o cristão a vencer o comodismo e a superar o bairrismo das terras e lugares. Quando os cristãos acreditam de verdade e de verdade procuram a Deus, usam todos os meios que estão ao seu alcance para celebrarem a fé e se encontrarem com Ele.
Num tempo em que se usa o automóvel para tudo, até para ir tomar o café a cem metros de casa, porque é que não se há-de usar também ao serviço da vida cristã? Só o sacerdote é que tem a obrigação de o usar para chegar a todo lado?
Se a tua fé não te põe a caminho e não te abre a outras comunidades, não será porque ainda não acreditas verdadeiramente em Cristo nem professas a verdadeira fé da Igreja?

O decréscimo do número de sacerdotes coincide ainda com a acentuada desertificação do mundo rural, causada pela emigração, pela deslocação para os centros urbanos e pela descida da natalidade.
As paróquias têm efectivamente poucas pessoas e estas são, na sua maioria, idosas. Na realidade, são poucas as crianças e os jovens em idade escolar e de catequese. São poucos os adultos que têm formação suficiente para exercerem algum ministério no seio da comunidade. São poucas as pessoas que participam regularmente na vida da paróquia, muito concretamente na celebração da Eucaristia dominical.
Em paróquias com estas dimensões e com estas características, o sacerdote tem menos que fazer. Com efeito, são menos os grupos de catequese, os baptizados, os casamentos, as confissões, as reuniões de formação... Mas também é verdade que nestas paróquias é particularmente difícil manter um mínimo razoável de vida cristã.
Nas presentes circunstâncias, é legítimo questionar se estas comunidades podem ou não sobreviver como paróquias. E, em caso negativo, que solução poderemos propor?

quarta-feira, abril 11, 2007

Há 20 anos a viver em comunidade



"A comunidade mais do que um modelo pré-fabricado que se impõe, é um ideal de vida que se propõe". Pe. Martins

O Pe. Martins no dia de Páscoa festejou o 25º Aniversário da sua ordenação sacerdotal



No seguimento da missão dos Apóstolos, o sacerdote é chamado a ser testemunha da ressurreição de Cristo entre os seus contemporâneos.
É uma feliz coincidência celebrar os 25 anos da ordenação sacerdotal no dia de Páscoa. Esta evidencia e torna mais clara a prioridade do ministério sacerdotal.

O sacerdote é testemunha do mistério pascal de Jesus, antes de mais, quando o anuncia com convicção e alegria, deixando transparecer na sua voz, no seu rosto e na sua vida, a certeza e clarividência da sua fé (...). Depois, vivendo o seu ministério como quem espera e confia na recompensa de Deus.
O sacerdote, se o é por vocação de Deus, é seguramente um homem feliz.

Oxalá, eu me deixe iluminar e conduzir sempre por Ele, para que ele faça de mim, emtre os homens e a favor dos homens, testemunha da ressurreição de Jesus.