segunda-feira, outubro 27, 2008

O Celso Marques foi ontem instituido ACÓLITO



"O serviço dos acólitos centra-se de maneira particular na Eucaristia que aquele que é instituído neste ministério passa a distribuir a todos, particularmente àqueles que não podem abeirar-se dela como os doentes".
A instituição de acólito tem na Eucaristia "a sua razão de ser, é por isso que se recomenda àquele que é instituido que cresça no amor à Eucaristia, de tal modo que a sua vida seja uma vida eucarística e se pareça com Cristo".

"Deus está a mandar-nos sinais de que essa oração está a ser fecunda e esses sinais devem motivar-nos ainda mais para continuarmos a rezar ao Senhor da messe e a pedir aos vossos párocos que instituam tempos de adoração eucarística".

quarta-feira, outubro 22, 2008

Evangelizar é anunciar o amor

Convencidos como estamos de que “a missão evangelizadora da Igreja é essencialmente o anúncio do amor, da misericórdia e do perdão de Deus”, como recorda, e muito bem, o Santo Padre na sua Mensagem para o Dia Mundial das Missões, que se celebrou no dia 20, urge assumir uma postura optimista na hora de partilharmos a nossa experiência de fé com quem ainda não descobriu Jesus Cristo e o seu Evangelho.

Afinal, os cristão são, há muito, o maior número entre as diversas religiões do mundo, com os seus mais de dois mil milhões de fiéis, num universo que já ultrapassa os seis mil milhões de habitantes. Cristãos, isto é, católicos, protestantes, ortodoxos e anglicanos, entre outros, são todos os que professam Jesus Cristo e O aceitam como Senhor e Redentor da humanidade.

É certo que a muitos níveis passamos a vida a menosprezar a acção dos cristãos, face à messe por desbravar, com lamúrias que não conduzem a nada, mas a verdade é que, se olharmos bem, a mensagem de salvação está presente nos mais variados cantos da Terra, espalhada por gente generosa que se entrega à missão com o exemplo de vida e com o fervor de quem acredita num mundo melhor, marcado pelos valores que dimanam do Evangelho.

Mas se é correcto valorizarmos tudo quanto tem sido feito pelos cristãos de várias correntes, também não podemos quedar-nos à sombra do trabalho por eles desenvolvido, como se tivéssemos o direito de nos alhear das nossas responsabilidades baptismais, que nos devem obrigar a estar com todos os que deixam tudo para servir a Boa Nova da Salvação anunciada há dois mil anos.

Cresce o número dos que ignoram Cristo

Diz o Papa que “o número daqueles que ignoram Cristo e não fazem parte da Igreja está em contínuo aumento; mais ainda: quase duplicou, desde o final do Concílio. A favor desta imensa humanidade, amada pelo Pai a ponto de lhe enviar o seu Filho, é evidente a urgência da missão”. De facto, apenas um terço da humanidade aceita Cristo, pelo que a tarefa evangelizadora tem ainda um longo caminho para percorrer, pelo nosso testemunho de vida, pela palavra, pela oração e pela partilha generosa.

Um dado curioso e que nos deve interpelar está no facto de o islamismo continuar a crescer, mesmo no ocidente, tendo no mundo já ultrapassado o próprio catolicismo. A isso não será alheio o seu fervor religioso e a vivência diária daquilo em que acredita, em perfeito contraste com a crescente indiferença dos cristãos. Por exemplo, na Diocese de Aveiro, com 310 mil habitantes, apenas participam nas eucaristias dominicais cerca de 80 mil. Os outros 230 mil ficam-se pelo grupo dos chamados “católicos não praticantes” ou de vivência cultual esporádica.

Quando falamos de missão no seio da Igreja, logo associamos a ideia da divulgação do Evangelho em África e na Ásia, sobretudo, quando, afinal, há tanto que fazer entre nós. E o trabalho a fazer tem de passar, antes do mais, pelo testemunho de fé no dia-a-dia, quer na defesa dos valores do cristianismo, quer mesmo nas opções políticas, sociais, artísticas e culturais.

Os cristãos têm de exorcizar o indiferentismo e o individualismo que campeiam nas comunidades religiosas, ao mesmo tempo que devem valorizar projectos de evangelização que apostem na defesa dos valores que têm suportado a nossa civilização.

Refere o Santo Padre que “nunca nos devemos envergonhar do Evangelho e nunca devemos ter medo de nos proclamarmos cristãos, silenciando a própria fé. Ao contrário, é necessário continuar a falar, alargar os espaços do anúncio da salvação, porque Jesus prometeu permanecer sempre e de qualquer forma presente entre os seus discípulos”.

sexta-feira, outubro 17, 2008

Inventariação do património religioso

Na passada semana, a Drª Joana passou pela para fazer o inventário de todo o património religioso. É bom sabermos, com mais pormenor, o que temos, porque nem sempre estamos consciente da riqueza, da qualidade e da importância do nosso património religioso.
O levantamento de todas as peças de valor artistico das diversas paróquias da Diocese exige um enorme esforço, mas mais tarde poderemos reconhecer que não foi em vão. Se as peças estiverem fotografadas, datadas e inventariadas correctamente, em caso de roubo, a sua recuperação terá mais possibilidades de êxito.

segunda-feira, outubro 06, 2008

A preocupação de Deus não é a de ser considerado “um Deus fixe”, “um Deus porreiro”, “um Deus cá dos nossos”. O nosso Deus não é um deus bonacheirão..

Inspirando-se no Cântico da Vinha de Isaías, Jesus, através da parábola dos vinhateiros homicidas, apresenta uma síntese da história de Israel.
Por um lado, Jesus evidencia o amor de Deus – um Deus que tudo faz em favor do seu povo. Por outro, Jesus refere, em tom de censura, a infidelidade e a ingratidão do povo em relação a Deus.

Deus, apesar da resistência do povo, sobretudo dos seus chefes, não desiste de levar por diante o seu projecto de salvação – projecto que tem em vista a salvação de todos os povos da terra. Deus não desiste, porque ama apaixonadamente os homens e quer efectivamente salvá-los.

Em Abraão, Deus escolhe um povo – o povo eleito, o povo das promessas e das alianças, o povo dos patriarcas e dos profetas, o povo do qual nasceu Jesus.
Deus escolhe um povo para, através dele, se dar a conhecer e unir a si todos os outros povos.

Em Moisés, Deus liberta esse povo da terra da escravidão (o Egipto) para o conduzir à pátria da liberdade, deixando bem claro que Ele é um Deus de homens livres. Homem verdadeiramente livre é só aquele que não sente desejo nem cai na tentação de escravizar seja quem for. Por sua vez, povo livre é aquele que respeita e promove a liberdade dos outros povos.

Através dos profetas, Deus fala ao povo, revela-lhe os seus desígnios, denuncia as suas infidelidades, recorda-lhe os seus compromissos, convida-o à conversão, aponta-lhe o caminho da rectidão e da justiça.

  • O amor de Deus, por ser autêntico, é um amor exigente. Deus não fecha os olhos nem deixa passar, não cala nem pactua com a maldade do homem. Deus não teme cair nas sondagens de popularidade!
    • A preocupação de Deus não é a de ser considerado “um Deus fixe”, “um Deus porreiro”, “um Deus cá dos nossos”.
    • Deus, porque ama de verdade os homens, propõe-lhes o caminho da verdade e do bem, o caminho do direito e da justiça, o caminho do arrependimento e da conversão. Só este dignifica o homem e garante a sua realização plena.

Os homens nem sempre, ou melhor, quase nunca reagem bem a estas propostas de Deus. Preferem um Deus bonacheirão, que engole tudo, que não levanta ondas, que se adapta aos gostos e às exigências dos homens.
Com muita dificuldade, os homens captam e entendem o amor de Deus nas exigências e propostas de vida que lhes faz. Aceitam mais facilmente, porque fere e incomoda menos, a mentira da palavra dos homens (dos falsos profetas) do que a verdade da palavra de Deus.
Assim, compreendemos a reacção, tão negativa como violenta, do povo de Israel em relação aos profetas. Eles desacreditam, perseguem e eliminam os profetas, para que Deus não faça mais sentir a sua voz e, por conseguinte, não os perturbe nem os incomode com a sua palavra. O que eles, na realidade, pretendem é fazer calar Deus, não lhe reconhecendo direito nem autoridade para se intrometer nas suas vidas.

  • Muitos homens, mesmo entre aqueles que se dizem crentes, não toleram que Deus saia dos templos para se meter e intervir nas suas vidas e na vida da sociedade.
  • Por sua vez, o verdadeiro Deus não tolera estar aprisionado nos santuários, ainda que estes sejam magníficos e esplêndidos.
  • Pelo contrário, Deus prefere estar e agir lá onde se desenrola a vida do homem, no coração do mundo e da história.

Este propósito leva Deus a enviar o seu Filho ao mundo. Jesus é “o argumento” mais poderoso de Deus para esclarecer e convencer os homens. É também o seu argumento definitivo.
Deus pensou consigo: vão respeitar o meu Filho, vão dar crédito à sua palavra, vão converter-se a mim. Mas Deus enganou-se!

  • Na verdade, Jesus não foi suficientemente convincente para muitos judeus, sobretudo para os responsáveis do povo. Estes não reconheceram Jesus como o enviado de Deus, muito menos como o Filho de Deus. Menos ainda aderiram ao reino de Deus que Ele lhes propunha.
  • Jesus não foi convincente, ou melhor, eles não se deixaram convencer porque estavam demasiado presos (e assim lhes convinha) à imagem que tinham de Deus: o deus…
  • que se conforma com a sua visão do homem e da sociedade,
  • que tolera e aprova os seus privilégios,
  • à medida da sua mediocridade moral,
  • das suas tradições religiosas.
  • Por conseguinte, não podiam (não lhes interessava) aceitar que Deus fosse como Jesus O revelava.

Por isso mesmo, tal como os seus antepassados procederam com os profetas, eles rejeitaram Jesus e deram-lhe a morte.
Rejeitaram Jesus, mas não puderam impedir que Ele salvasse a humanidade. Com efeito, Aquele Jesus, que eles condenaram à morte, oferecendo a sua vida ao Pai pelos pecados dos homens, tornou-se causa de salvação para quantos nele acreditam, independentemente do povo ou da raça a que pertencem.
Alguns homens podem:

  • recusar a verdade de Deus mas não podem impedir que outros O conheçam com verdade;
  • teimosamente permanecer na dureza do seu coração, mas não podem impedir que outros se convertam a Ele de todo o coração;
  • recusar as normas morais evangélicas, mas não podem impedir que outros vivam de acordo com elas;
  • ser insensíveis ao amor de Deus, mas não podem impedir que outros se maravilhem com ele.

E Deus, que é optimista por natureza, não desanima nem desiste perante a infidelidade e a ingratidão dos homens e dos povos. Antes, continua a ser compreensivo e generoso para com todos os que O procuram.
Ainda bem que o nosso Deus é mesmo assim!

terça-feira, setembro 30, 2008

"Os publicanos e as mulheres de má vida irão antes para o Reino de Deus".

Os príncipes dos sacerdotes e os anciãos do povo devem ter ficado escandalizados e irritados quando escutaram estas palavras de Jesus.
Eles consideravam “os publicanos e as mulheres de má vida” como pecadores públicos e excluídos da promessa da salvação de Deus.
Ora, Jesus, contradizendo aquelas convicções religiosas, mostra que vem para salvar todos os homens. Mais, Ele faz questão de sublinhar que a sua missão passa por ir ao encontro daqueles que se encontram mais longe de Deus e mais des-prezados pelos homens. Ele vem para procurar a ovelha per-dida e faz ver que os que estão doentes é que precisam do mé-dico. Deste modo, justifica a prioridade que dá aos pecadores.
Depois, Jesus verifica – e faz questão de o sublinhar – que muitos daqueles pecadores são mais receptivos à sua pessoa do que os chefes do povo, os fariseus e os escribas.
  • Enquanto estes não reconhecem Jesus nem aceitam o reino de Deus que Ele anuncia, aqueles (os pecadores) deixam-se tocar e transformar radicalmente pela palavra e pelo amor de Deus que Jesus proclama e testemunha.
  • Por conseguinte, tendo-se convertido a Deus e renun-ciado à sua vida de pecado, eles chegam primeiro ao reino de Deus.

Jesus confirma o que Deus já ensinara através do profeta Ezequiel: o pecador, por mais grave e continuado que seja o seu pecado, não está necessária e definitivamente condenado. Desde que queira, isto é, desde que esteja disposto a mudar de vida, o homem pecador pode sempre beneficiar do amor misericordioso de Deus.

“Os publicanos e as mulheres de má vida irão diante de vós para o reino de Deus”. Estes pecadores correspondem ao filho da parábola que disse não ao pai, mas depois foi trabalhar para a sua vinha.
Durante mais ou menos tempo, eles disseram não a Deus: não à sua verdade, ao seu amor, às suas normas morais, à sua proposta de vida. Porém, depois de se encontrarem com Jesus e acreditarem nele, passam a dizer sim a Deus. Este sim a Deus, que é o sim da fé, concretiza-se, antes de mais, na adesão pessoal ao próprio Deus. Depois, na aceitação dos seus desígnios, no fazer a sua vontade, no trabalhar no seu reino.
O sim (a conversão) que salva o homem, não é um sim superficial e momentâneo, mas um sim que compromete o homem no seu todo e para o resto da sua vida; não é um sim que sai apenas da boca, mas um sim que se diz com o coração e com a vida.
Deus não se deixa iludir com palavras.
Ele sabe como são enganadoras as palavras dos homens. Deus só se impressiona com a coerência de vida. Por isso mesmo, Jesus diz-nos: “nem todo aquele que diz Senhor, Senhor, entrará no reino dos Céus, mas só aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos Céus”.

Para entrar no reino dos Céus, não basta pronunciar ou invocar muitas vezes o nome de Deus, dizer ou fazer muitas orações, participar frequentemente na Eucaristia dominical, cumprir religiosamente as leis da Igreja. Tudo isso é importante, mas não é quanto baste.
É absolutamente necessário:

  • acolher Deus na nossa vida e converter continuamente a Ele a nossa mente, o nosso oração e a nossas vontade;
  • deixar que seja Deus, com a sua verdade e o seu amor, a orientar e a dinamizar a nossa vida e o nosso agir no seio da sociedade;
  • trabalhar, com empenho e perseverança, pondo a render os dons recebidos de Deus, na construção de um mundo melhor.

  • Tu, que hoje estás aqui, és dos que dizes sim a Deus apenas com a boca ou o teu coração está em sintonia com as tuas palavras? Estás disposto a submeteres-te ao detector de mentiras?!
  • Tu, que és pecador, queres realmente aproveitar, no hoje da tua vida, a graça de Deus, do Deus que ter quer perdoar e salvar? Ou és daqueles que preferem, por desleixo e comodis-mo, deixar tudo para a última hora?
  • Tu, que te dizes cristão, que trabalho realizas na vinha do Senhor? Tens consciência do teu lugar e missão na Igreja? O que fazes pelo crescimento do reino de Deus? Sentes que és uma mais valia para a tua comunidade cristã ou limitas-te a ser um baptizado que só serve para as estatísticas?

Retém, se possível, algumas destas perguntas e deixa-te interpelar por elas.

domingo, setembro 14, 2008

Redescobrir a Cruz gloriosa

Actualmente a cruz já não se apresenta aos fiéis em seu aspecto de sofrimento, de dura necessidade da vida ou inclusive como um caminho para seguir a Cristo, mas em seu aspecto glorioso, como motivo de honra, não de pranto.

Antes de tudo, digamos algo sobre a origem desta festa. Ela recorda dois acontecimentos distantes no tempo. O primeiro é a inauguração, por parte do imperador Constantino, de duas basílicas, uma no Gólgota, outra no sepulcro de Cristo, no ano 325. O outro acontecimento, no século VII, é a vitória cristã contra os persas, que levou à recuperação das relíquias da cruz e sua devolução triunfal a Jerusalém. Contudo, com o passar do tempo, a festa adquiriu um significado autônomo. Converteu-se em uma celebração gloriosa do mistério da cruz, que, sendo instrumento de ignomínia e de suplício, Cristo transformou em instrumento de salvação.

As leituras reflectem esta perspectiva. A segunda leitura volta a propor o célebre hino da Carta aos Filipenses, onde se contempla a cruz como o motivo da maior «exaltação» de Cristo: «aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e assemelhando-se aos homens. E, sendo exteriormente reconhecido como homem, humilhou-se ainda mais, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz. Por isso Deus o exaltou soberanamente e lhe outorgou o nome que está acima de todos os nomes, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho no céu, na terra e nos infernos. E toda língua confesse, para a glória de Deus Pai, que Jesus Cristo é Senhor». Também o Evangelho fala da cruz como do momento no qual «o Filho do homem foi levantado para que todo o que creia tenha por Ele vida eterna».

Houve, na história, dois modos fundamentais de representar a cruz e o crucifixo. Os chamamos, por comodidade, de o modo antigo e o moderno. O modo antigo, que se pode admirar nos mosaicos das antigas basílicas e nos crucifixos da arte romântica, é glorioso, festivo, cheio de majestade. A cruz, frequentemente sozinha, sem crucifixo, aparece projectada num céu estrelado, e sob ela a inscrição: «Salvação do mundo, salus mundi», como em um célebre mosaico de Ravena.

Nos crucifixos de madeira da arte românica, este tipo de representação se expressa no Cristo que reina com vestes reais e sacerdotais a partir da cruz, com os olhos abertos, o olhar para a frente, sem sombra de sofrimento, mas radiante de majestade e vitória, já não coroado de espinhos, mas de pedras preciosas. É a tradução do versículo do salmo: «Deus reinou do madeiro» (regnavit a ligno Deus). Jesus falava de sua cruz nestes mesmos termos: como o momento de sua «exaltação»: «E quando eu for levantado da terra, atrairei todos para mim» (Jo 12, 32).



A forma moderna começa com a arte gótica e se acentua cada vez mais, até converter-se no modo ordinário de representar o crucifixo. Um exemplo é a crucifixão de Matthias Grunewald no altar de Isenheim. As mãos de os pés se retorcem como arbustos ao redor dos cravos, a cabeça agoniza sob um feixe de espinhos, o corpo coberto de chagas. Igualmente, os crucifixos de Velázquez e de Dali e de muitos outros pertencem a este tipo.

Os dois modos evidenciam um aspecto verdadeiro do mistério. A forma moderna-dramática, realista, pungente – representa a cruz vista, por assim dizer, por diante, «de cara», em sua crua realidade, no momento em que se morre nela. A cruz como símbolo do mal, do sofrimento do mundo e da tremenda realidade da morte. A cruz se representa aqui «em suas causas», isto é, naquilo que, habitualmente, a ocasiona: o ódio, a maldade, a injustiça, o pecado.

O mundo antigo evidenciava não as causas, mas os efeitos da cruz; não aquilo que produz a cruz, mas o que é produzido pela cruz: reconciliação, paz, glória, segurança, vida eterna. A cruz que Paulo define como «glória» ou «honra» do crente. A festividade de 14 de setembro chama-se «exaltação» da cruz porque celebra precisamente este aspecto «exaltante» da cruz.

Deve-se unir à forma moderna de considerar a cruz, a antiga: redescobrir a cruz gloriosa. Se no momento em que se experimentava a provação, podia ser útil pensar em Jesus cravado na cruz entre dores e espasmos, porque isto fazia que o sentíssemos próximo a nossa dor, agora há que pensar na cruz de outro modo. Explico com um exemplo. Perdemos recentemente uma pessoa querida, talvez depois de meses de grande sofrimento. Pois bem: não há que continuar pensando nela como estava em seu leito, em tal circunstância, em tal outra, a que ponto se havia reduzido no final, o que fazia, o que dizia, talvez torturando a mente e o coração, alimentando inúteis sentimentos de culpa. Tudo isto terminou, já não existe, é irreal; atuando assim não fazemos mais que prolongar o sofrimento e conservá-la artificialmente com vida.

Há mães (não digo para julgá-las, mas para ajudá-las) que depois de terem acompanhado durante anos um filho em seu calvário, quando o Senhor o chama para Si, rechaçam viver de outra forma. Em casa, tudo deve permanecer como estava no momento da morte do filho; tudo deve falar dele; visitas contínuas ao cemitério. Se há outras crianças na família, devem adaptar-se a viver também neste clima permeado de morte, com grave dano psicológico. Estas pessoas são as que mais necessitam descobrir o sentido da festa de 14 de setembro: a exaltação da cruz. Já não és tu que leva a cruz, mas a cruz que te leva; a cruz que não te arrebata, mas que te ergue.

Há que pensar na pessoa querida como é agora que "tudo terminou". Assim faziam com Jesus os artistas antigos. Contemplavam-no como é agora, como está: ressuscitado, glorioso, feliz, sereno, sentado no trono de Deus, com o Pai que "enxugou toda lágrima de seus olhos" e lhe deu "todo poder nos céus e na terra". Já não entre os espasmos da agonia e da morte. Não digo que se possa sempre dominar o próprio coração e impedir que sangue com a recordação do sucedido, mas há que procurar que impere a consideração de fé. Senão, para que serve a fé?

Traduzido por Zenit

sábado, agosto 23, 2008

quinta-feira, agosto 14, 2008

O que estamos a perder

Quando fazemos mudanças, perdemos sempre alguma coisa.

Na transição de gerações, haverá muito que estamos a ganhar, mas é indiscutível que há algo que temos estado a perder: humildade.

Há pessoas a quem não ficava nada mal serem mais humildes. Não perderiam nada com isso. Mas só quem é grande consegue ser humilde. E só quem é humilde consegue ser grande.

Maria, o verdadeiro e mais sublime exemplo de HUMILDADE.

Padre Gilberto nomeado pároco de 5 paróquias

Com data de 1 de Agosto, D. Manuel Felício, Bispo da Guarda publicou as nomeações diocesanas para o Ano Pastoral de 2008-2009.

"Como nos diz a nossa fé, o Bispo é enviado por Cristo, único Pastor da sua Igreja e em nome d'Ele, para cuidar de uma porção de todo o Povo de Deus chamada Diocese. Por isso, ele tem a obrigação de governar, com solicitude pastoral, a diocese que lhe foi confiada, atendendo não só ás necessidades concretas e ás preferências de cada Paróquia ou outra comunidade de Fé, mas principalmente ao bem comum de toda a Igreja Diocesana e mesmo da Igreja Universal".

Decreto (...)

Rev.do pe. Gilberto Joaquim Roque Antunes: pároco das Paróquias de Alverca da Beira, Bouça Cova, Ervas Tenras, Pála e Póvoa d'El Rei.(...)

Guarda, 1 de Agosto de 2008

+ D. Manuel Rocha Felício, Bispo da Guarda.

Assim, parece que é preciso fazer as malas!!! Coragem... Foi bom. É com emoção... que te vemos partir... Depois de dois memoráveis anos, o Pe. Gilberto deixa a Comunidade Sacerdotal de Celorico da Beira para ir viver para Trancoso.
Não te esqueças que Deus está ao teu lado e nós também...
Não te esqueças que desígnios de Deus são insondáveis...
Não te esqueças que a amizade é capaz de ultrapassar montanhas e colinas...

Que Deus te ajude nas novas tarefas que vais assumir.

BOA SORTE!!!

segunda-feira, agosto 11, 2008

O Santuário de Fátima dá 2.000 € à Igreja

Foi com grande supresa e emoção que recebemos um cheque de 2.000 € do Santuário de Fátima. Não podiamos deixar de agradecer esta prenda.
É certamente para todos nós um grande incentivo para continuar e uma enorme alegria por sabermos que os nossos donativos e as nossas esmolas são distribuidas pelas Igrejas mais necessitadas.
OBRIGADO.

Mordomos da Festa de Santa Ana 2009

No passado Domingo foram nomeados os seguintes mordomos:


Adelaide Umbelino

Anabela Fernandes

Ana Maria Monteiro

André Alves Lopes

Carlos Osório

Daniel Gomes

Daniel Gonçalves

Joaquim Tavares Marques

Nuno Baptista

Rute Baptista

Contas da Festa de Santa Ana 2008

Os mordomos da Festa de Santa Ana, apresentaram no passado Domingo, as contas da Festa de Santa Ana. E, apesar do enorme esforço e empenho, como era de prever, tendo em conta as despesas previamente assumidas, o saldo ficou muito aquém do espectável. Apesar de tudo, ainda deu saldo positivo!

Receitas - 11.378 €

Despesas:

- Conjuntos - 6. 100 €
- Bebidas - 1.342 €
- Fogo de artificio - 1.200 €
- Enfeites da Igreja e andores - 800 €
- Licenças Camarárias - 481 €
- Gasóleo gerador - 250 €
- Jantares Conjuntos - 210 €
- Almoços Banda - 180 €
- Ranço Folclórico - 150 €
- Licença da curia Diocesana - 110 €
- Serviço religioso - 100 €
- Motorista e Electricista - 100
TOTAL -11.032 €

Saldo Positivo - 346 €


Peditório na Igreja - 243 €

Certamente os novos mordomos irão ter em conta a situação económica das famílias e do país e procurarão adequar-se a essa realidade não correndo riscos descessários. O esforço de angariar fundos para continuarmos o restauro da Igreja é algo com o qual todos se devem comprometer... Já gastámos mais de 125.000 € na recuperação na nossa Igreja. E isso só foi possível graças ao esforço de muita gente...

Obrigado a todos aqueles que continuam empenhados neste esforço colossal de restaurar a Igreja da Velosa.

Peregrinação da Diocese da Guarda a Fátima (20 a 21 de Agosto)

“Viver em Cristo - a Moral Evangélica” é o tema da peregrinação da Diocese da Guarda a Fátima, que terá lugar a 20 e 21 de Agosto.
“Vamos iniciar o novo ano pastoral 2008-09, peregrinando até ao Santuário de Fátima, nos próximos dias 20 e 21 de Agosto. Já faz parte do nosso calendário diocesano e da agenda pessoal de cada um de nós reservar, na penúltima semana de Agosto, as suas quarta e a quinta-feiras para a peregrinação da Diocese da Guarda a Fátima. Não fazemos a recomendação formal para que esta seja uma peregrinação a pão e água, como em anos anteriores já aconteceu. Mas convidamos para que seja uma verdadeira peregrinação, com espaços fortes de silêncio e de oração pessoal, tanto durante a permanência no Santuário como durante a viagem de ida e de regresso. Queremos que seja também um tempo de reconciliação, aproveitando a oferta da celebração penitencial com confissão individual que está no programa; um tempo de adoração eucarística na vigília que também está prevista; uma ocasião para, sobretudo na Eucaristia Solene, oferecermos, por Maria a Jesus, o nosso propósito de vivermos e ajudarmos a viver com entusiasmo o novo ano pastoral.

Queremos pedir a Nossa Senhora que ajude toda a nossa Diocese, no conjunto das suas mais de 360 paróquias, 15 arciprestados e 4 zonas pastorais, a ser, ao longo de todo este novo ano, uma verdadeira Escola de Fé. Escola de Fé onde o Mestre é Cristo e todos nós somos os alunos; onde os catequistas, motivados, formados e acompanhados por nós sacerdotes, são os directos colaboradores deste único Mestre que é Cristo; uma Escola de Fé onde o programa é sempre o Evangelho, mas traduzido para o mundo actual através do Catecismo da Igreja Católica. E, ao longo deste ano, queremos que esse programa seja principalmente a terceira parte do Catecismo da Igreja Católica sobre a Moral Cristã; uma Escola de Fé onde, por isso, o compêndio é o próprio Catecismo da Igreja Católica, completado pelo seu resumo oficial e pelo texto que estamos a preparar para enviar para as paróquias e colocar nas mãos dos fiéis.

A experiência diz-nos que não vai ser fácil, ao longo deste ano pastoral, progredir pelo caminho que há-de fazer da nossa Diocese e das suas diferentes comunidades verdadeiras escolas de Fé. Mas sentimos que essa é a chamada que o Senhor nos faz; e da capacidade que hoje tivermos para descobrir catequistas, motivá-los, formá-los e também motivarmos os fiéis de prática dominical regular para serem verdadeiros discípulos missionários depende o futuro da nossa Diocese e das suas diferentes comunidades de Fé.

Vamos pedir a Nossa Senhora de Fátima que abençoe todos os nossos agentes pastorais, a começar por nós sacerdotes, mas também as diferentes comunidades religiosas que temos espalhadas pela Diocese e outras comunidades e leigos de vida especialmente consagrada no meio do mundo que também temos, os catequistas que já temos e outros que possamos vir a descobrir e a formar ao longo do ano para lançarmos mãos à obra, confiados em que o Senhor, único Bom Pastor, vai à nossa frente, a convidar-nos para percorrer com renovada esperança os caminhos da nova evangelização”.

domingo, agosto 03, 2008

Para quem perdeu o Festival Jota...


Conhecem a alguém. A Susana e a Teresa Ferreira, duas jovens de Celorico da Beira Cadoiço - Mesquitela).

quarta-feira, julho 30, 2008

Festas sem sentido religioso

D. Jorge Ortiga criticou o facto de, ao nível da Igreja, em geral, e, particularmente, ao nível da Arquidiocese de Braga, se organizarem muitas festas sem sentido do religioso.

A preocupação do Arcebispo Primaz está na forma e no conteúdo de «muitas festas» realizadas nesta altura do ano, onde o intuito primordial não é «o encontro com o Senhor» nem a celebração da fé, mas o carácter profano e comercial, gastando-se na sua organização «rios de dinheiro».

Fonte: Ecclesia

"Para mim viver é Cristo"!

terça-feira, julho 29, 2008

"Nada mais peço ou sonho a não ser que Deus semeie no meu coração as aspirações do Espírito Santo" - Pe. Gilberto

"Não há Deus, além de Vós..." refere o autor do Livro da Sabedoria com uma certeza clara, convicta e evidente acerca da existência do Deus único e verdadeiro. Contudo, o que também parece seduzir o autor sagrado é a forma como Deus cuida do Homem e de todas as coisas que constituem o mundo.

Acha maravilhosa e admirável o modo como Ele trata, lida e se relaciona connosco. De facto, quando Deus criou o mundo preocupou-se ao "milímetro" para que na organização do universo nada falhe e dê tudo certo. Ele (Deus) é o PAI atento que tem um amor imenso e inesgotável (como um poço sem fundo) que exprime, segundo a 1ª leitura, pelo princípio da Justiça, da indulgência, da bondade, da esperança feliz, do perdão e não usa a sua força para se vingar ou oprimir o Homem.
No entanto, este carinho e ternura de Deus não é um amor somente cheio de boas intenções ou por obrigação: Deus ama porque quer e de livre vontade - é um amor que lhe sai do coração. Deus não ama para dar "nas vistas", nem tem necessidade de apregoar nas praças públicas o bem que faz ao Homem. O seu amor traduz-se em gestos concretos e proveitos para connosco, e o maior de todos foi entregar o Seu próprio Filho para nos salvar.

Todo o Homem, à semelhança de Deus, é chamado a ter essa relação de amor, cuidado, indulgência e preocupação pelo seu próximo. Mas, vemos como o Homem ama de uma forma diferente de Deus: umas vezes por interesse, conveniência e circunstâncias; outras vezes, é um amor por obrigação, ou rancoroso porque perdoamos mas ficamos sempre com ressentimentos.
Este modo de amar não é o de Jesus: é um amor que se pode caracterizar como passageiro e que presta culto ao egoísmo. Jesus não sabe amar assim porque ama sem limites, sem condições e dá a Sua vida por nós até à última gota de sangue. Amemos sem fazermos como os fariseus que faziam o bem para serem louvados pelas pessoas!


É amando com os sentimentos de Cristo que o Arciprestado de Celorico da Beira tem expressado o seu amor pelos sacerdotes que aqui se têm formado. Não é necessário enumerar acções concretas para comprovar o vosso amor ao sacerdócio, pois no meu caso pessoal senti na 1ª pessoa ao longo destes dois anos o vosso imenso carinho, ternura, afeição e acolhimento. Manifestastes um Amor sem fingimento, porque brotou do íntimo do vosso coração. Esse é o amor mais proveitoso porque é fruto do crescimento, da aprendizagem e da caminhada que fiz convosco e que me abriu horizontes para a vida. Hoje faço aqui uma prece de louvor ao Senhor por poder caminhar convosco desde o dia 21 de Setembro de 2006 e presto-vos a minha sincera homenagem e gratidão!

No Evangelho, Jesus confronta-nos com mais uma das suas sábias parábolas: o trigo e o joio. Determinado homem semeia semente boa no seu campo, no entanto de noite e por traição um inimigo semeia joio no meio do trigo.
O joio é uma erva daninha e bravia que nada interessa nas culturas. É, por isso, sinónimo da falta de amor a Deus e aos irmãos e da consequente presença do mal no mundo. A prova da existência do mal e do maligno é personificada nos ódios, guerras, invejas, egoísmo, soberba... Infelizmente podemos dizer que também existe joio dentro da Igreja quando esta não é fiel a Jesus Cristo e se deixa levar por jogos, interesses e uma fé rudimentar que nada tem a ver com o Evangelho.
A missão de todo o cristão, sobretudo do sacerdote, é arrancar o joio que sufoca a humanidade. No entanto, esta missão contra o mal não se pode fazer de qualquer forma: tem de ter ponderação, não pode resultar de uma acção irreflectida - "deixai-os crescer ambos até à ceifa".
Mais importante que condenar e humilhar as pessoas é procurá-las e consciencializá-las de que todos nós somos pecadores. Depois é fazer como Jesus: exortá-las ao arrependimento e pelo Sacramento da Reconciliação fazê-las sentir o perdão generoso de Deus e como é bom estar em comunhão com Ele.

Termino esta reflexão com questões que se colocam no início de uma nova missão: que pedir para a minha vida sacerdotal? Que projectos futuros? Nada mais peço ou sonho a não ser que Deus semeie no meu coração as "aspirações do Espírito Santo".
Só Ele me poderá ajudar a levantar das minhas fraquezas, a dar força para concretizar a missão pois o Espírito é o guia e a alma da Igreja.
Com o Espírito Santo sei que posso ser um fiel administrador das suas graças e ter uma acção serena, mas profunda e que tenha somente a marca de Deus.
Com o Espírito Santo quero ser um profeta que não só fala com Deus, mas também o ouve e escuta: "Quem tem ouvidos, oiça". Assim, saberei discernir o que sacerdote Deus quer que eu seja e por toda a minha existência me leve a proclamar como S. Paulo: "Para mim, viver é Cristo"!

sexta-feira, julho 25, 2008

quinta-feira, julho 17, 2008

Manuel Fernandes: um estudante de Celorico da Beira que chegou a Santo

Inácio de Azevedo era natural do Porto, Portugal, nascido por volta de 1526, de família importante e influente. Aos 22 anos entrou para a ordem dos Jesuítas. Foi vice-provincial de Portugal e reitor do Colégio de Braga.

A grande paixão de Inácio eram as missões! Pela seu caráter empreendedor, activo e enérgico, São Francisco de Borja, o superior de toda a Ordem, nomeou-o Visitador do Brasil. Chegou à Bahia em 24 de agosto de 1566, juntamente com outros jesuítas. A incumbência revestiu-se de grande dinamismo e oportunas medidas de governo. Partiu para Portugal em 24 de agosto de 1568, para conseguir reforços para o Brasil. Reuniu uma expedição de 73 religiosos, e zarparam nas três naus da frota do Governador do Brasil.
A nau em que viajavam Inácio e um dos grupos foram atacados por protestantes calvinistas que quiseram poupar os sobreviventes da luta mas gritaram contra os jesuítas: “Mata, mata, porque vão semear doutrina falsa no Brasil”. Inácio foi ao encontro deles, com uma imagem de Nossa Senhora nas mãos, dizendo a alta voz: “Todos sejam minhas testemunhas como morro pela Fé católica e pela Santa Igreja Romana”. Já ferido mortalmente, dizia aos seus companheiros: “Não choreis, filhos. Não chegaremos ao Brasil, mas fundaremos, hoje, um colégio no céu”.
Beato Manuel Fernandes, irmão e estudante.
Nascido em Celorico, Portugal. Deitado vivo ao mar
.