segunda-feira, abril 06, 2009

“É como dizes”, mas não como pensas!

Resposta breve e afirmativa de Jesus, à pergunta, igualmente breve e directa, de Pilatos: “Tu és o rei dos judeus?” A pergunta de Pilatos, mais do que interesse em conhecer a verdade sobre Jesus, revela ironia e desprezo a seu respeito. Pilatos faz a pergunta, mas não tem a mínima intenção de dar crédito à resposta, seja ela qual for. Parece-lhe demasiado óbvio que aquele Jesus não é, não pode ser, o rei dos judeus nem de quem quer que seja.
Jesus, apesar de saber que Pilatos não vai tomar a sério as suas palavras nem está em condições de compreender o seu verdadeiro alcance, não deixa de lhe responder. A sua é também uma resposta provocadora. “É como dizes”, mas não é como pensas! Sou rei, mas não como tu és nem como tu imaginas os reis deste mundo!

Os reis deste mundo exercem o poder:
  • com arrogância, prepotência e arbitrariedade, ou seja, sem sentido de missão e espírito de serviço;
  • vivem em belos palácios, vestem esplendidamente e banque-teiam-se lautamente todos os dias, completamente indiferentes à miséria dos seus súbditos;
  • têm exércitos poderosos, fazem guerras, subjugam povos, eliminam adversários, sobrepondo os seus interesses pessoais à verdade e à justiça;
  • são homens cheios de defeitos e de vícios, mas exigem ser obedecidos e tratados como deuses!

“É como dizes”, mas não como pensas! Jesus é um rei:

  • sem palácios, sem exércitos e sem servos;
  • sem trono, sem títulos honoríficos, sem qualquer esplendor humano.

Ele é um rei diferente e o segredo dessa diferença revela-o na resposta que dá ao sumo sacerdote, quando este lhe pergunta: “És Tu o Messias, Filho do Deus Bendito?” Jesus revela e confessa a sua verdadeira identidade: “Eu sou”.
Jesus é, pois, rei do reino de Deus, o reino da verdade e do amor, o reino da justiça e da paz, o reino de homens livres, em que o rei está exclusivamente ao serviço dos homens. Por isso mesmo, Jesus está entre os homens como quem serve e disposto a dar a vida por eles. Jesus é o rei que está disposto a morrer pela verdade e a morrer por amor, para devolver aos homens o sentido da vida e lhes rasgar os horizontes da eternidade.

Morreu pela verdade e por amor.
Parece contrariar toda a lógica humana que Jesus, sendo Filho de Deus, tenha sido condenado à morte pelos homens e tenha efectiva-mente morrido numa cruz! Desde a nossa mera perspectiva humana, Jesus, ainda que fosse condenado pelos homens (os homens podem de facto rejeitar e condenar o próprio Deus) deveria ser capaz de evitar a sua morte, usando o seu poder divino. Porém, a lógica da verdade e do amor de Deus é diferente, e ainda bem para nós!

Jesus foi condenado por dizer a verdade. Antes de mais, a ver- dade que denuncia o mal que existe no coração dos homens e exige ar-rependimento e conversão. Depois, a verdade sobre si mesmo, revelan-do e assumindo a sua identidade, apresentando-se como Filho de Deus. A verdade de Jesus perturba e incomoda os homens, sobretudo os chefes do povo. Com efeito, Jesus punha em causa não só a ordem estabelecida como a própria concepção de Deus e da religião.
- Se Jesus tivesse calado as verdades inconvenientes,
- Se tivesse deixado continuar tudo na mesma,
- Se tivesse pactuado com as injustiças sociais e com as perversões religiosas,
- Se não tivesse questionado os privilégios e as vantagens humanas dos poderosos,
- Se não tivesse tomado a defesa dos pobres e excluídos,
Ele teria sido deixado em paz, não teria sido levado à presença de Pilatos para ser condenado por ele. Mas um Filho de Deus assim não traria qualquer vantagem aos homens nem mereceria o crédito de ninguém!

Jesus morreu por amor.
Jesus (Ele que ressuscitou os mortos) não poderia ter descido da cruz e escapado à morte, respondendo assim às provocações dos seus inimigos? De facto, podia. Mas, se o tivesse feito, teria deixado de dar a maior prova de amor, pois como Ele mesmo tinha dito: “não há maior prova de amor do que dar a vida por aqueles que se ama”. Podia ter escapado à morte, mas, se o tivesse feito, não nos teria salvo a nós.
A verdade pela qual morre e o amor com que morre pela verdade revelam mais e melhor a sua realeza e a sua filiação divina do que todos os milagres que fizera ou quaisquer outros que pudesse fazer naquela hora!

E isso foi captado por alguns daqueles que seguiram e testemu-nharam a condenação e a morte de Jesus.
a) O chamado “Bom Ladrão” reconhece em Jesus crucificado o Rei que lhe pode dar o que ele, naquele momento, mais deseja e que nenhum outro rei lhe pode garantir: a vida eterna. Por isso mesmo, contrariamente ao outro malfeitor, não pede a Jesus que o livre da morte, mas sim: “lembra-te de mim, quando vieres na tua realeza”.
b) Por sua vez, o centurião romano, ao ver como Jesus percorreu o caminho da paixão e ao testemunhar a serenidade com que morreu, descobre e confessa a sua filiação divina: “Na verdade, este homem era Filho de Deus”.
Jesus, na sua paixão e morte, revela algo de extraordina-riamente divino – extraordinariamente divino e suficientemente evidente para que os homens O possam reconhecer e acreditar nele como Filho de Deus e o Salvador do mundo!
Jesus aceita:

  • ser vencido pelo pecado dos homens para, por sua vez, vencer o pecado com o poder do seu amor;
  • a derrota da morte para garantir ao homem a vitória da vida;
  • ser aniquilado para devolver ao homem a riqueza de Deus; a sua morte como o caminho necessário para a vida eterna do homem.

Numa palavra, Jesus aceita ser escarnecido e desprezado (esquecido, redicularizado), considerado como blasfemo e tratado como malfeitor, experimentar o fracasso e sentir a dor extrema, percorrer o caminho da morte, tudo para garantir ao homem a ressurreição e a vida eterna.

Hoje, Domingo de Ramos e da Paixão, vieste participar nesta celebração porque, contrariamente ao sumo sacerdote e a Pilatos, tu acreditas que Jesus é “o Filho do Deus Bendito” e o rei que liberta e salva os homens.
Não quero sequer pensar que possa ser outra razão a justificar a tua presença. Não vieste, oxalá nenhum de vós tenha vindo - apenas por causa dos ramos, porque tens necessidades deles na tua casa ou nos teus campos. Pelo contrário, vieste – oxalá todos tenham vindo por esse motivo - porque sentes necessidade de Jesus na tua vida.

Hoje, celebrando o mistério do sofrimento e da morte de Jesus,

  • Não te comove e compromete o que Ele fez por ti?
  • Não te impressiona o seu amor à verdade e a verdade do seu amor?
  • Não te maravilha que tenha preferido a tua à sua vida, morrendo Ele para te salvar a ti?!
  • E o que estás disposto a fazer para lhe corresponderes?

Hoje estás aqui e participas na celebração da Eucaristia.
Se vieste por causa dele, voltarás no próximo domingo e voltarás sempre, uma vez que Jesus também vai estar presente, para renovar a oferta da sua vida ao Pai e para se oferecer a ti.
Se não voltas e justificas a tua ausência com a falta de tempo ou porque não te convém a hora da celebração, é sinal que Jesus ainda
não é importante para ti e que passas bem sem Ele.

Volta sempre.
Não digas que não tens tempo!
Se calhar, o que ainda não tens é lugar para Ele no teu coração! Quem ama tem sempre tempo e não poupa esforços nem sacrifícios para estar com aquele que ama.
Considera e medita no imenso amor que Jesus tem por ti, no que Ele já fez – e gratuitamente - em teu favor. Então, descobrirás e sem-tirás que com Ele só tens a ganhar, pois não te tira nada e dá-te tudo (Bento XVI).

sexta-feira, abril 03, 2009

Percorramos com JESUS o Caminho do Amor

Estamos tão habituados a ver um crucifixo que poucas vezes paramos para pensar no seu significado. Muitas pessoas que a própria imagem do crucifixo as angustia e interrogam-se àcerca da importância que se se dá à cruz.
Não seria preferível anunciar apenas a alegria da ressurreição?


Jesus no alto da Cruz mostra-se profundamente solidário com o sofrimento humano de todos os tempos. A Sua morte na cruz é sinal do seu amor pelos mais necessitados, da Sua identificação com os que sofrem e da Sua missão que liberta do pecado e da morte.

Quando contemplamos o crucifixo evocamos a fidelidade de Jesus à Sua missão, meditamos sobre o sentido da dor e lembramos que a Sua morte não tem a última palavra. Na cruz, Jesus descobriu o mistério da Sua pessoa e da Sua vida, o qual dá sentido ao mistério da nossa vida como filhos de Deus.

Quando aceitamos a nossa dor e nos unimos à dor de Cristo, o sofrimento é mais leve.

Ele oferece-nos a paz interior necessária para continuarmos a trabalhar e a lutar por uma vida melhor.

Percorramos com JESUS o Caminho do Amor.

terça-feira, março 31, 2009

Confissão individual ou comunitária?




O Código de Direito Canónico estabelece: "A confissão individual e integra e a absolvição constituem o único modo ordinário... somente a impossibilidade fisica ou moral o escusa desta forma de confissão" (c. 960).
Quanto à chamada "absolvição geral", o cânon 961 do Código de Direito canónico prescreve: "A absolvição simultanea a vários penitentes sem confissão individual prévia não pode dar-se de modo geral, a não ser que:
- 1º esteja iminente o perigo de morte...
- 2º haja necesidade grave...
E acrescenta que compete a Bispo Diocesano, de acordo com os critérios fixados pela Conferência Episcopal, "ajuizar acerca da existência das condições requeridas no § 1, nº 2".

segunda-feira, março 30, 2009

SENHOR, quero ver Jesus

Faz, Senhor,
que reconheça
o teu rosto no rosto dos mais pobres.
Dá-me olhos para ver os caminhos
da justiça e da solidariedade;
dá-me ouvidos para escutar
os pedidos de salvação e de saúde;
enriquece o meu coração
de fidelidade generosa
para que me faça
companheiro de caminhada
e testemunha verdadeira
e sincera da glória, que
resplandece no crucificado,
ressuscitado e vitorioso.

"Queríamos ver Jesus"

Alguns gregos, que eram crentes no Deus de Israel e se encontravam em Jerusalém para participar na festa da Páscoa, sabendo que Jesus tb se encontrava lá, manifestam o desejo de O ver. Sentiam curiosidade e interesse de O conhecerem pessoalmente. Como não se sentiam muito à vontade para se chegarem junto de Jesus, solicitam a mediação de Filipe (um discípulo que eles conheciam, pois não querem perder aquela oportunidade).

“Queríamos ver Jesus, dizem eles”. E eu pergunto:
  • O que é que eles mesmo querem e esperam de Jesus? Quererão mesmo conhecer Jesus, quem Ele é, qual a sua missão, que mensagem tem para comunicar aos homens?
  • Ou apenas o querem ver, testemunhar alguma obra extraordinária, escutar alguma parábola encantadora?
  • Procuram Jesus, porque suspeitam que Ele tem algo de especial para comunicar aos homens, também a eles, apesar de serem gregos? Ou apenas para puderem dizer, no regresso às suas terras, que O tinham visto e estado com Ele?

O evangelho não responde a estas perguntas, mas as perguntas valem para nos fazer pensar a nós!

Jesus é informado da presença dos gregos e do seu interesse em encontrarem-se com Ele. Porém, Jesus parece não lhes dar muita atenção. Começa, de imediato, a falar do mistério da sua paixão e morte. À primeira vista, não parece ser o tema mais adequado para atrair e cativar os seus novos ouvintes. Pareceria mais razoável que lhes dirigisse umas palavras afáveis ou realizasse alguma obra vistosa. Mas não.
Jesus, consciente de que não pode perder tempo com banalidades nem usar o seu poder divino para divertir os homens, centra-se na sua morte (Esta faz parte integrante da sua missão e é particularmente vantajosa para o homem, pois gerará uma nova vida e uma vida em abundância para toda a humanidade).
Para se fazer entender mais facilmente, Jesus usa a imagem da semente. Uma vez lançada à terra, esta só produz fruto, se morrer. A natureza ensina que a morte é necessária para que a vida continue (para que surja uma nova vida, para que a semente sobreviva numa nova planta e se multiplique em muitos frutos).
A morte não aparece como oposição ou negação da vida, mas como algo necessário ao serviço de uma vida superior.

Jesus morre para vencer o pecado e a morte do homem, para que o homem não morra para sempre, mas, antes, tenha nele a vida eterna.
Jesus morre para não ficar sozinho, como a semente que não morre. Morre para que, uma vez “elevado da terra”, possa atrair muitos a si (para que muitos possam encontrar nele a salvação de Deus).

Jesus sabia que aqueles gregos nunca mais iriam estar com Ele. Por isso mesmo, e para que não dessem por perdido aquele encontro, falou-lhes da sua morte como caminho para a vida eterna dos homens. (Isto é o que melhor revela Jesus, o que justifica e compensa que as pessoas O procurem, O conheçam, acreditem nele e O sigam). Afinal, Jesus prestou uma especial atenção aos gregos, correspondendo, da melhor maneira, à sua curiosidade!

Em Jesus, que morre voluntariamente na cruz, Deus realiza a nova aliança, prometida e anunciada por meio do profeta Jeremias.
Jesus, derramando o seu sangue por amor, redime o ho-mem, purifica o seu coração, torna-o capaz de viver a nova lei do amor. Por meio de Jesus, Deus imprime a sua lei no íntimo da nossa alma e grava-a no nosso coração, e nós aprendemos a conhecê-lo.
Na última Ceia, ao instituir o sacramento da Eucaristia, Jesus confirma que a nova aliança de Deus (a qual abrange toda a humanidade e não só o povo de Israel) é estabelecida no seu sangue. “Este cálice é a nova aliança no meu sangue, que vai ser derramado por vós” (Lc).

“Queríamos ver Jesus”.
Nós, os que aqui nos encontramos reunidos em seu nome, queremos, realmente, ver e conhecer Jesus? Queremos conhecer quem é e qual é a sua missão?

Não será que queremos conhecer apenas o Jesus:

  • do presépio, dos pastores de Belém e dos Magos do oriente;
  • que sacia as multidões, que cura os doentes e expulsa os demónios;
  • das parábolas encantadoras e o amigo das crianças;
  • que caminha sobre a água e acalma as tempestades;
  • que toma refeições em casa das pessoas e convive com elas?

Ou será que queremos, efectivamente, conhecer tb o Jesus que:

  • anuncia o reino de Deus e exorta os homens ao arrependimento e à conversão;
  • pede que renunciemos a nós mesmos e tomemos a nossa cruz de cada dia;
  • exige que amemos os nossos inimigos e perdoemos sempre a quem nos ofende;
  • nos diz que a grandeza do homem está no servir e dar a vida;
  • da paixão e da morte, da ressurreição e da vida eterna?

Queremos ver e conhecer Jesus, para acreditar nele, entrar na sua intimidade, O acolher na nossa vida, e segui-lo todos os dias? Temos consciência de que só Ele nos pode ajudar a entender a nossa vida e a vencer a nossa morte?
Se o nosso querer é sincero, então aproximemo-nos dele e escutemo-lo na Palavra do Evangelho; procuremo-lo e acolhamo-lo nos sacramentos, sobretudo na Eucaristia dominical (comunhão); dialoguemos com Ele na oração; vamos ao seu encontro e amemo-lo nos irmãos necessitados.

Queres ver Jesus para aprenderes com Ele a morrer? É o que Jesus tem de mais importante para te ensinar – e só Ele te pode ensinar - e o que tu tens mais necessidade de aprender.
É necessário saber morrer, perder a vida, gastá-la ao serviço dos irmãos. A morte que gera vida e produz frutos de vida eterna é a vida que se morre, amando os outros. A morte que salva, a morte que dá sentido à vida, é a da vida que se gasta ao serviço dos irmãos.
Quem não sabe morrer assim, quem vive só para si mesmo, esse fica só, a sua vida é inútil, não aproveita a ninguém. Morrer por amor em cada dia ajuda-nos a entender e a aceitar melhor a outra morte.
Mais, ajuda-nos a viver em paz e a ser felizes.

terça-feira, março 24, 2009

"Para que todo o homem que acredita n'ele tenha a vida eterna"

Desde o início da sua vida pública, Jesus manifesta ter clara consciência de que a sua missão consiste em vencer o pecado e a morte, a fim de garantir ao homem a ressurreição e a vida eterna. A sua vinda ao mundo homens não tem outra motivação nem outro objectivo. Jesus, ao longo de todo o seu ministério, tem sempre nos seus horizontes o mistério da sua morte e ressurreição.
Desde logo, vencendo as tentações do diabo, Jesus aponta para a vitória definitiva sobre o pecado, que Ele alcançará na cruz. Depois, transfigurando-se no Monte Tabor, Jesus revela antecipadamente a sua ressurreição e que esta constituirá a vitória definitiva sobre a morte.
Por sua vez, no contexto da expulsão dos vendilhões do templo de Jerusalém e para provar que tem autoridade para agir deste modo, Jesus dá este sinal aos judeus: “Destruí este templo e em três dias o levantarei”. Jesus está a pensar no templo do seu corpo que os judeus destruirão, dando-lhe a morte, e que Ele levantará, ressuscitando ao terceiro dia. A morte e a ressurreição de Jesus, para além de garantirem a ressurreição dos mortos, marcam o início de um novo culto, um culto sem aproveitamentos humanos, um culto sem comércio nem negócios, um culto sem sacrifícios nem holocaustos. Antes, um culto em que o homem se relaciona com Deus na base da verdade e do amor.
No diálogo com Nicodemos, partindo do episódio e usando a imagem da serpente de bronze, Jesus fala da sua morte na cruz como algo de absolutamente necessário para que o homem alcance a vida eterna. “Também o Filho do homem será elevado, para que todo aquele que acredita tenha nele a vida eterna”. Jesus enquadra o mistério (o escândalo e a loucura da cruz) no âmbito do amor de Deus pelos homens. “Deus amou tanto o mundo que entregou o seu Filho Unigénito, para que todo o homem que acredita nele não pereça, mas tenha a vida eterna”.
Só a loucura do amor de Deus – loucura de um Deus que não consegue imaginar-se a viver sem o homem - permite compreender a loucura da cruz de Cristo. E só quem acredita na loucura deste amor - amor exclusivamente ao serviço do homem – terá a vida eterna.
Jesus aceita ser elevado na cruz, dar esta prova extrema de amor, pagar um preço tão elevado, para que o homem possa viver eternamente com Deus!

A morte e a ressurreição de Jesus, enquanto garantem a ressurreição e vida eterna do homem, constituem o fundamento e a razão última da nossa fé vida cristã. Na verdade, acreditamos e compensa acreditar em Deus porque Ele, por meio de Jesus, dá uma resposta, plenamente esclarecedora e convincente, às questões fundamentais da nossa vida, entre as quais sobressai a que se refere ao mistério da morte. Sim, Deus convence-nos a acreditar nele e a segui-lo, porque, em Jesus Cristo, garante-nos o que nós mais desejamos e ninguém mais nos pode dar: a vida eterna.
Mas estão os homens interessados em conhecer este Deus ou dispostos a acreditar nele? São sensíveis às evidências de Deus no mundo criado ou estão preparados para captar a presença e a acção de Deus na história da humanidade? Estão os homens suficientemente despertos, existencial e espiritualmente, para sonharem e acolherem o mais além de Deus?

Alguns homens – hoje menos do que num passado recente – negam a existência de Deus (os ateus). Defendem que o mundo é obra do acaso e o homem é apenas o produto mais evoluído da matéria. Como conseguirão eles entender que o “Senhor Acaso” tenha dado origem a um mundo tão extraordinariamente admirável na sua grandeza, ordem e beleza? E como conseguirão convencer-se de que o homem – um ser que pensa e é consciente da sua existência, um ser livre e capaz de gerir o próprio mundo, um ser que ama e, por isso mesmo, capaz de múltiplas relações pessoais, um ser que sonha e, por conseguinte, capaz de se projectar para além de si mesmo – é apenas o produto final do processo evolutivo da matéria?
O homem não consegue entender o mundo e entender-se a si mesmo sem Deus. E quem pensa o contrário, não pensa, porque, se pensasse seriamente, não pensaria assim. O mundo e o homem sem Deus, seria como que um extraordinário Euromilhões sem apostadores, ou seja, um absurdo. Sem apostadores, nem seria possível calhar a alguém nem sequer haveria “milhões” para dar!
Muitos homens, embora não ponham em causa a existência de Deus, consideram e defendem que Deus não pode ser conhecido nem o homem pode estabelecer com Ele uma relação pessoal (os agnósticos).
Então, o artista não se dá a conhecer e não comunica através da sua obra? E Deus, o mais genial de todos os artistas, não se manifesta e comunica com os homens na obra da criação, além de o fazer também, de um modo pessoal, por meio de seu Filho Jesus Cristo?
Dizem que é impossível,
porque lhes é mais cómodo não ter que contar com Deus
nem ter que lhe prestar contas das suas vidas.
Dizem, mas não podem estar convencidos do que dizem!
A maior parte dos homens – os filhos da sociedade de consumo – têm como seu deus o bem-estar material e o gozar a vida. Completamente alienados da sua própria vida, surdos às suas vozes interiores e sem preocupações existenciais, vivem indiferentes a Deus e esquecem a sua dimensão espiritual. Estes gastam a sua vida, passando ao lado dela; gozam a vida, mas sem jamais se sentirem verdadeiramente felizes!
  • Tu, que te encontras aqui a celebrar o sacramento da morte e ressurreição de Cristo, acreditas realmente na vida eterna?
  • Quando “rezas” o credo, limitas-te a repetir as palavras ou sentes realmente o que dizes: “espero a ressurreição dos mortos e a vida do mundo que há-de vir”?
  • E tens consciência que Jesus é o único Caminho que te pode conduzir a esse mundo de Deus?
  • Estás disposto a seguir Cristo, assumindo o seu Evangelho como programa da tua vida, para alcançares essa vida de Deus?

Seguir Jesus implica abraçar, como Ele, a cruz do amor, porque só esta salva o homem.

  • O amor é cruz, porque exige que renuncies a ti mesmo e venças o teu egoísmo, a fim de viveres para os outros e os servires.
  • O amor é cruz, porque exige verdade e justiça, compreensão e tolerância, compaixão e perdão, partilha e doação da própria vida, e ainda lutar e saber perder em favor do teu semelhante.
  • A tua fé na vida eterna ilumina o presente da tua vida? Inspira os teus sonhos e os teus projectos de futuro? Motiva os teus compromissos pessoais, familiares e sociais? Anima a tua esperança e alarga os teus horizontes?
  • Acreditas na vida eterna ao ponto de apostares nela toda a tua vida? Procura, pois, ser coerente. Não sejas como aquele que não joga e, no entanto, espera que lhe saia a sorte grande! Se, efectivamente, desejas chegar à meta e receber o prémio, percorre o caminho que te leva até lá.

sábado, fevereiro 28, 2009

QUARESMA, PECADO E CONFISSÃO

A quaresma é um tempo especial para a Igreja Católica como caminho de preparação para a grande festa cristã católica- a Páscoa.
O centro de toda a fé cristã é a PÁSCOA: passagem da morte para a vida de Jesus Cristo. Libertação de todos os males humanos. É daí que vem toda a nossa fé, toda a nossa esperança e toda a nossa caridade.
A quaresma é um tempo de preparação interior de libertação e aperfeiçoamento cristão.
Os católicos são convidados a fazer um corte com tudo o que é mau: egoísmo, vícios, defeitos, falhas, pecados. Recorrendo ao sacramento da confissão (ou reconciliação ou penitência), fazendo um propósito firme de emenda para tentar mudar o rumo da sua vida e remediar (compensar) o mal que se fez, caso tenhamos prejudicado alguém.
  • O mais importante não é a abstinência de carne às sextas-feiras da quaresma (cortar com a carne), mas a conversão da alma e do coração, cortar com o pecado, com o que não presta, como se podam nas videiras os ramos que não deixam a árvore dar bom fruto. O sacramento da confissão pode ajudar a essa mudança de vida seguindo os critérios do Reino de Deus.
  • O problema é que hoje, muitos católicos já não sabem o que é pecado e para alguns nada é pecado, tudo é permitido, tudo é lícito, tudo se pode fazer… Perdeu-se a consciência do pecado. O maior pecado da humanidade é ter perdido a noção de pecado.

Segundo o Novo Testamento, o pecado é uma falta de amor em quatro direcções:

  1. Pecado é falta de amor a Deus. Não rezar, não praticar a religião. Faltar à missa ao sábado ou ao domingo. Não dialogar com Deus. Ignorar Deus. Viver como se Deus não existisse, sem a Sua influência na nossa vida.
  2. Pecado é falta de amor aos outros. Palavrão que ofende os outros, indelicadezas, ingratidões, criticar, desobedecer, murmurar, mentir, magoar, insultar, roubar, prejudicar, explorar, abusar, infidelidades sexuais, destruir, vingar-se, odiar, matar.
  3. Pecado é falta de amor a mim mesmo. Palavrão, abusar de comidas, bebidas, vícios e excessos que põem em risco a saúde e a vida nossa e a dos outros, abusar da sexualidade. Estragar, distorcer ou sujar a imagem e semelhança que eu devia ser de Deus e não sou.
  4. Pecado é falta de amor à natureza. Poluição, atentados contra o ambiente, incendiar a natureza.
    Não se trata de uma lista completa, mas apenas muitos exemplos.

PECAR É NÃO AMAR. Falo de AMOR de verdade. Hoje quando se fala em amor, muitos pensam logo em sexo. Quando eu não amo a Deus, não amo os outros, não me amo a mim mesmo e não amo a natureza, estou a pecar.
Claro que o pecado tem graus, como uma ferida pode ser mais ou menos grave.
Pecado venial ou leve, pecado grave e pecado mortal. Diz-se mortal porque corta (mata) a relação com Deus, com os outros, comigo mesmo e com a natureza. Quem começa por pecar de forma venial, se não se corrigir, corre o risco de pecar de forma grave e até mortal. Uma ferida ou sara ou tende a agravar-se e degenerar em cancro e ser mortal. O mesmo se passa no campo da moral. Quem começa com um palavrão ou se corrige, ou vai aumentar. O mesmo se diga de quem rouba, de quem mente, de quem engana, de quem abusa.

Procuremos aproveitar este tempo favorável da quaresma. Aproximemo-nos de um sacerdote reconciliemo-nos, confessemo-nos, façamos um propósito firme de emenda, remendemos o mal feito aos outros (compensando-os ou restituindo se for caso disso) e ficaremos aliviados de tanto lixo que carregamos dentro de nós, que nos intoxica e não nos deixa ter alegria, nem ser felizes. Não nos deixa sermos imagens da beleza, da bondade e da santidade de Deus.

quarta-feira, fevereiro 25, 2009

Quaresma: Um tempo forte de renovação pessoal e comunitária, para preparar o encontro vivo com o Ressuscitado, na Páscoa

“Jesus preparou-se para a Missão rezando e jejuando durante 40 dias e 40 noites (Mt.4,2)”. Assim nos diz também o que deve ser a nossa Quaresma: Um tempo forte de renovação pessoal e comunitária, para preparar o encontro vivo com o Ressuscitado, na Páscoa.

A Quaresma é o grande retiro de todo o Povo de Deus. E, enquanto retiro, é tempo de alguma paragem para centrarmos a nossa atenção no essencial da nossa vida de cristãos e também de cidadãos; é tempo de oração mais intensa e de encontro mais frequente com a Palavra de Deus; é tempo de fazer contenção face a excessos de vária ordem para que somos solicitados a todo o momento.

Neste grande retiro de 40 dias, somos chamados a renovar e a aprofundar a nossa Fé. Por isso, a formação cristã há-de estar no centro da nossa vivência da Quaresma. Talvez alguns de nós, durante a parte do ano pastoral já decorrida, ainda não tenham tido oportunidade de iniciar o estudo da III parte do Catecismo da Igreja Católica sobre a Moral do Seguimento de Cristo, que faz parte do nosso programa para o ano pastoral em curso. É bom que aproveitemos bem a Quaresma para ler ou reler o pequeno livro que publicámos com o resumo desta parte do Catecismo; é bom que cada uma das nossas comunidades, durante a Quaresma, encontre formas renovadas para relembrar a todos esta obrigação e ajudar a cumpri-la. Convido, por isso, para que os diferentes programas de formação da fé conduzidos por paróquias ou grupos de paróquias, nesta Quaresma, se orientem preferencialmente para aprofundar a Moral do Seguimento de Cristo. Também eu espero orientar nessa direcção as catequeses quaresmais durante os seis domingos da Quaresma.

Uma outra nota marcante, da nossa tradição diocesana, são os retiros organizados com proximidade à vida dos fiéis. Renovo o convite para que em cada arciprestado haja, nesta Quaresma, pelo menos um retiro aberto, com data e lugar atempadamente marcados e anunciados em todas as respectivas paróquias.

O Santo Padre, na sua mensagem para a Quaresma, convida-nos principalmente a viver o verdadeiro espírito do jejum que nos é recomendado pela disciplina da Igreja. Com a prática do jejum, queremos, antes de mais, dizer a nós mesmos e à sociedade o seguinte: é na relação de dependência amorosa com o Senhor da vida e do mundo que cumprimos a nossa vocação e a nossa missão.

É certo que o jejum também pode ser um bom contributo para a saúde física, para o fortalecimento da auto-disciplina e para a prática da solidariedade com os mais necessitados. Mas o essencial do nosso jejum é libertar-nos interiormente para a relação viva e vital com Cristo Ressuscitado.

Para além do jejum assim entendido, a Quaresma lembra-nos o grave dever da partilha de bens materiais com os mais necessitados.

Costumamos cumprir este dever com a nossa renúncia quaresmal. É costume, todos os anos, indicar um destino concreto para a renúncia quaresmal. O ano passado foi principalmente para as vítimas das grandes cheias que afectaram a vida de milhares moçambicanos. Este ano vamos destiná-la principalmente para apoio à Irmãs da Liga dos Servos de Jesus, que estão, desde há um ano, em Angola, na Diocese de Sumbe, a iniciar um projecto de acção missionária.

Também estamos muito sensibilizados para o número de desempregados que todos os dias cresce nos nossos meios. Por isso, uma parte dessa renúncia vamos destiná-la para ajudar famílias vítimas do desemprego e algumas a viverem situações de pobreza envergonhada. Procuraremos fazê-lo através dos serviços da Caritas implantados no terreno.

Mensagem de Bento XVI para a Quaresma 2009

“Jesus, após ter jejuado durante 40 dias e 40 noites, por fim, teve fome”(Mt 4, 2)

No início da Quaresma, que constitui um caminho de treino espiritual mais intenso, a Liturgia propõe-nos três práticas penitenciais muito queridas à tradição bíblica e cristã – a oração, a esmola, o jejum – a fim de nos predispormos para celebrar melhor a Páscoa e deste modo fazer experiência do poder de Deus que, como ouviremos na Vigília pascal, «derrota o mal, lava as culpas, restitui a inocência aos pecadores, a alegria aos aflitos. Dissipa o ódio, domina a insensibilidade dos poderosos, promove a concórdia e a paz» (Hino pascal). Na habitual Mensagem quaresmal, gostaria de reflectir este ano em particular sobre o valor e o sentido do jejum. De facto a Quaresma traz à mente os quarenta dias de jejum vividos pelo Senhor no deserto antes de empreender a sua missão pública. Lemos no Evangelho: «O Espírito conduziu Jesus ao deserto a fim de ser tentado pelo demónio. Jejuou durante quarenta dias e quarenta noites e, por fim, teve fome» (Mt 4, 1-2). Como Moisés antes de receber as Tábuas da Lei (cf. Êx 34, 28), como Elias antes de encontrar o Senhor no monte Oreb (cf. 1 Rs 19, 8), assim Jesus rezando e jejuando se preparou para a sua missão, cujo início foi um duro confronto com o tentador.

Podemos perguntar que valor e que sentido tem para nós, cristãos, privar-nos de algo que seria em si bom e útil para o nosso sustento. As Sagradas Escrituras e toda a tradição cristã ensinam que o jejum é de grande ajuda para evitar o pecado e tudo o que a ele induz. Por isto, na história da salvação é frequente o convite a jejuar. Já nas primeiras páginas da Sagrada Escritura o Senhor comanda que o homem se abstenha de comer o fruto proibido: «Podes comer o fruto de todas as árvores do jardim; mas não comas o da árvore da ciência do bem e do mal, porque, no dia em que o comeres, certamente morrerás» (Gn 2, 16-17). Comentando a ordem divina, São Basílio observa que «o jejum foi ordenado no Paraíso», e «o primeiro mandamento neste sentido foi dado a Adão». Portanto, ele conclui: «O "não comas" e, portanto, a lei do jejum e da abstinência» (cf. Sermo de jejunio: PG 31, 163, 98). Dado que todos estamos estorpecidos pelo pecado e pelas suas consequências, o jejum é-nos oferecido como um meio para restabelecer a amizade com o Senhor. Assim fez Esdras antes da viagem de regresso do exílio à Terra Prometida, convidando o povo reunido a jejuar «para nos humilhar – diz – diante do nosso Deus» (8, 21). O Omnipotente ouviu a sua prece e garantiu os seus favores e a sua protecção. O mesmo fizeram os habitantes de Ninive que, sensíveis ao apelo de Jonas ao arrependimento, proclamaram, como testemunho da sua sinceridade, um jejum dizendo: «Quem sabe se Deus não Se arrependerá, e acalmará o ardor da Sua ira, de modo que não pereçamos?» (3, 9). Também então Deus viu as suas obras e os poupou.

No Novo Testamento, Jesus ressalta a razão profunda do jejum, condenando a atitude dos fariseus, os quais observaram escrupulosamente as prescrições impostas pela lei, mas o seu coração estava distante de Deus. O verdadeiro jejum, repete também noutras partes o Mestre divino, é antes cumprir a vontade do Pai celeste, o qual «vê no oculto, recompensar-te-á» (Mt 6, 18). Ele próprio dá o exemplo respondendo a satanás, no final dos 40 dias transcorridos no deserto, que «nem só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus» (Mt 4, 4). O verdadeiro jejum finaliza-se portanto a comer o «verdadeiro alimento», que é fazer a vontade do Pai (cf. Jo 4, 34). Portanto, se Adão desobedeceu ao mandamento do Senhor «de não comer o fruto da árvore da ciência do bem e do mal», com o jejum o crente deseja submeter-se humildemente a Deus, confiando na sua bondade e misericórdia.

Encontramos a prática do jejum muito presente na primeira comunidade cristã (cf. Act 13, 3; 14, 22; 27, 21; 2 Cor 6, 5). Também os Padres da Igreja falam da força do jejum, capaz de impedir o pecado, de reprimir os desejos do «velho Adão», e de abrir no coração do crente o caminho para Deus. O jejum é também uma prática frequente e recomendada pelos santos de todas as épocas. Escreve São Pedro Crisólogo: «O jejum é a alma da oração e a misericórdia é a vida do jejum, portanto quem reza jejue. Quem jejua tenha misericórdia. Quem, ao pedir, deseja ser atendido, atenda quem a ele se dirige. Quem quer encontrar aberto em seu benefício o coração de Deus não feche o seu a quem o suplica» (Sermo 43; PL 52, 320.332).

Nos nossos dias, a prática do jejum parece ter perdido um pouco do seu valor espiritual e ter adquirido antes, numa cultura marcada pela busca da satisfação material, o valor de uma medida terapêutica para a cura do próprio corpo. Jejuar sem dúvida é bom para o bem-estar, mas para os crentes é em primeiro lugar uma «terapia» para curar tudo o que os impede de se conformarem com a vontade de Deus. Na Constituição apostólica Paenitemini de 1966, o Servo de Deus Paulo VI reconhecia a necessidade de colocar o jejum no contexto da chamada de cada cristão a «não viver mais para si mesmo, mas para aquele que o amou e se entregou a si por ele, e... também a viver pelos irmãos» (Cf. Cap. I). A Quaresma poderia ser uma ocasião oportuna para retomar as normas contidas na citada Constituição apostólica, valorizando o significado autêntico e perene desta antiga prática penitencial, que pode ajudar-nos a mortificar o nosso egoísmo e a abrir o coração ao amor de Deus e do próximo, primeiro e máximo mandamento da nova Lei e compêndio de todo o Evangelho (cf. Mt 22, 34-40).

A prática fiel do jejum contribui ainda para conferir unidade à pessoa, corpo e alma, ajudando-a a evitar o pecado e a crescer na intimidade com o Senhor. Santo Agostinho, que conhecia bem as próprias inclinações negativas e as definia «nó complicado e emaranhado» (Confissões, II, 10.18), no seu tratado A utilidade do jejum, escrevia: «Certamente é um suplício que me inflijo, mas para que Ele me perdoe; castigo-me por mim mesmo para que Ele me ajude, para aprazer aos seus olhos, para alcançar o agrado da sua doçura» (Sermo 400, 3, 3: L 40, 708). Privar-se do sustento material que alimenta o corpo facilita uma ulterior disposição para ouvir Cristo e para se alimentar da sua palavra de salvação. Com o jejum e com a oração permitimos que Ele venha saciar a fome mais profunda que vivemos no nosso íntimo: a fome e a sede de Deus.

Ao mesmo tempo, o jejum ajuda-nos a tomar consciência da situação na qual vivem tantos irmãos nossos. Na sua Primeira Carta São João admoesta: «Aquele que tiver bens deste mundo e vir o seu irmão sofrer necessidade, mas lhe fechar o seu coração, como estará nele o amor de Deus?» (3, 17). Jejuar voluntariamente ajuda-nos a cultivar o estilo do Bom Samaritano, que se inclina e socorre o irmão que sofre (cf. Enc. Deus caritas est, 15). Escolhendo livremente privar-nos de algo para ajudar os outros, mostramos concretamente que o próximo em dificuldade não nos é indiferente. Precisamente para manter viva esta atitude de acolhimento e de atenção para com os irmãos, encorajo as paróquias e todas as outras comunidades a intensificar na Quaresma a prática do jejum pessoal e comunitário, cultivando de igual modo a escuta da Palavra de Deus, a oração e a esmola. Foi este, desde o início o estilo da comunidade cristã, na qual eram feitas colectas especiais (cf. 2 Cor 8-9; Rm 15, 25-27), e os irmãos eram convidados a dar aos pobres quanto, graças ao jejum, tinham poupado (cf. Didascalia Ap., V, 20, 18). Também hoje esta prática deve ser redescoberta e encorajada, sobretudo durante o tempo litúrgico quaresmal.

De quanto disse sobressai com grande clareza que o jejum representa uma prática ascética importante, uma arma espiritual para lutar contra qualquer eventual apego desordenado a nós mesmos. Privar-se voluntariamente do prazer dos alimentos e de outros bens materiais, ajuda o discípulo de Cristo a controlar os apetites da natureza fragilizada pela culpa da origem, cujos efeitos negativos atingem toda a personalidade humana. Exorta oportunamente um antigo hino litúrgico quaresmal: «Utamur ergo parcius, / verbis, cibis et potibus, / somno, iocis et arcitius / perstemus in custodia – Usemos de modo mais sóbrio palavras, alimentos, bebidas, sono e jogos, e permaneçamos mais atentamente vigilantes».

Queridos irmãos e irmãos, considerando bem, o jejum tem como sua finalidade última ajudar cada um de nós, como escrevia o Servo de Deus Papa João Paulo II, a fazer dom total de si a Deus (cf. Enc. Veritatis splendor, 21). A Quaresma seja portanto valorizada em cada família e em cada comunidade cristã para afastar tudo o que distrai o espírito e para intensificar o que alimenta a alma abrindo-a ao amor de Deus e do próximo. Penso em particular num maior compromisso na oração, na lectio divina, no recurso ao Sacramento da Reconciliação e na participação activa na Eucaristia, sobretudo na Santa Missa dominical. Com esta disposição interior entremos no clima penitencial da Quaresma. Acompanhe-nos a Bem-Aventurada Virgem Maria, Causa nostrae laetitiae, e ampare-nos no esforço de libertar o nosso coração da escravidão do pecado para o tornar cada vez mais «tabernáculo vivo de Deus». Com estes votos, ao garantir a minha oração para que cada crente e comunidade eclesial percorra um proveitoso itinerário quaresmal, concedo de coração a todos a Bênção Apostólica.

BENEDICTUS PP. XVI

sexta-feira, fevereiro 13, 2009

A força do amor

“À medida que o ser evolui, o seu amor se torna cada vez mais espiritual. O Amor vai se transformando, ao longo da evolução, desde o amor egoísta, familiar, nacional, humanidade, altruísta até a unificação com Deus” (Pietro Ubaldi)

"Se um dia tiver que escolher entre o mundo e o amor... Lembra-te. Se escolher o mundo ficarás sem o amor, mas se escolher o amor com ele conquistarás o mundo" (Albert Einstein).


"Se sabes explicar o que sentes, não amas, pois o amor foge a todas as explicações possíveis". (Drumond)
"Não podemos fazer grandes coisas na Terra. Tudo o que podemos fazer são pequenas coisas com muito amor". (Madre Teresa).

"Eu posso ver, e é por isso que eu posso estar contente naquilo que tu chamas escuridão, mas, que para mim é dourada, eu posso ver um mundo feito por Deus, não um mundo feito pelo homem. (Helen Keller – escritora cega)
"O amor nunca reclama; dá sempre. O amor tolera, nunca se irrita, nunca se vinga. (Indira Gandhi)
"O AMOR é a estrada mestra para chegar a Deus" (Pietro Ubaldi)

domingo, fevereiro 08, 2009

O QUE OS NOIVOS DEVEM SABER - O Matrimónio no Direito da Igreja

"Entre os baptizados a aliança matrimonial, pelo qual o homem e a mulher constituem entre si uma comunhão íntima de toda a vida, ordenada por sua índole natural ao bem dos cônjuges e à procriação e educação da prole, foi elevado por Cristo Nosso Senhor à dignidade de sacramento" (cân.1055)


O Matrimónio (cân. 1055 a 1165)

É necessário reportarmo-nos aos textos do II Concílio do Vaticano, e em particular à Constituição Pastoral 'Gaudium et Spes' n.º 48, para compreendermos a novidade da definição de casamento dada pelo Código.

A Constituição pastoral sobre a Igreja no mundo actual diz, com efeito: 'A íntima comunidade da vida e do amor conjugal, fundada pelo Criador e dotada de leis próprias, é instituída por meio do contrato matrimonial, ou seja com o irrevogável consentimento pessoal. Deste modo, por meio do acto humano com o qual os cônjuges mutuamente se dão e recebem um ao outro, nasce uma instituição também à face da sociedade, confirmada pela lei divina.'

O matrimónio, pelo qual o homem e a mulher se comprometem a constituir entre si uma comunidade de toda a vida, está, pela sua própria natureza, ordenado ao bem dos esposos e à procriação e educação dos filhos. Para os baptizados, Cristo elevou o matrimónio à dignidade de sacramento (cân. 1055, § 1). É por isso que, entre baptizados, o contrato matrimonial não pode existir validamente sem ser, ao mesmo tempo, sacramento (§ 2).

O matrimónio baseia-se no consentimento das partes, isto é no acto de vontade pela qual um homem e uma mulher, que para este efeito são juridicamente capazes, manifestam que se entregam e se recebem mutuamente através de um compromisso irrevogável (cân. 1057, § 1 e § 2).

As propriedades essenciais do matrimónio são a unidade e a indissolubilidade que, em razão do sacramento, adquirem uma firmeza particular no matrimónio cristão (cân. 1056). O matrimónio dos católicos, mesmo que só uma das partes seja católica, rege-se pelo direito canónico; o poder civil é competente apenas no que se refere aos efeitos puramente civis do matrimónio (cân. 1059).

Todos aqueles que não estão proibidos pelo direito podem contrair matrimónio (cân. 1058).

O matrimónio diz-se 'ratum' (rato) quando teve lugar validamente entre dois baptizados. Diz-se 'consummatum' (consumado) após o acto conjugal 'realizado de modo humano', especifica o Código no cânon 1061, § 1, ou seja, num "acto conjugal de si apto para a geração da prole, ao qual, por sua natureza, se ordena o matrimónio e com o qual os cônjuges se tornam uma só carne'. O matrimónio presume-se consumado, salvo prova em contrário, desde que tenha havido coabitação (cân. 1061, § 1 e § 2).

Um matrimónio inválido diz-se putativo se tiver sido celebrado de boa fé ao menos por parte de um dos cônjuges, até que ambas as partes venham a certificar-se da sua nulidade (cân. 1061, § 3). O direito considera como legítimos os filhos nascidos de um tal matrimónio (cân. 1137).


Bibliografia:

El Matrimonio en el derecho de la Iglesia. Lo que debem saber los contrayentes, in CONFERENCIA EPISCOPAL ESPAÑOLA, Preparación al matrimonio cristiano, Madrid, 2001, 124-140.

ROGER PALAU, Guia Prático do Novo Código de Direito Canónio, Gráfica de Coimbra, 1984, 138-159.

UNIVERSIDADE DE NAVARRA. INSTITUTO MARTIN DE AZPILCUETA, Código de Direito Canónico anotado, Ed. Theologica, Braga 1984.

terça-feira, janeiro 27, 2009

O POVO NA EUCARISTIA

Por muito que se fale do envolvimento da comunidade na Eucaristia, a Missa ainda parece permanecer, ao olhar de muitos, como um exclusivo do padre.

Cabe-lhe, pois, (como elemento constitutivo da sua missão) motivar a assembleia para a plena participação na Eucaristia. Decididamente, o verbo a conjugar, aqui, não é ir ou assistir, mas verdadeiramente participar.

É bom não esquecer que o Vaticano II apresenta a Eucaristia como «a fonte e o ponto mais alto da vida cristã». Ou seja, é o ponto mais alto não apenas da vida presbiteral, mas de toda a vida cristã (de presbíteros e de leigos).

Os fiéis leigos — assinala o Concílio — «concorrem para a oblação da Eucaristia em virtude do seu sacerdócio real. Pela participação no sacrifício eucarístico de Cristo, fonte e centro de toda a vida cristã, oferecem a Deus a vítima divina e a si mesmos juntamente com ela; assim, quer pela oblação quer pela sagrada comunhão, não indiscriminadamente, mas cada um a seu modo, todos tomam parte na acção litúrgica».

O sacerdócio de todos é manifestado e exercitado durante a Missa em dois momentos-chave: a oblação (que é a oferenda e a consagração) e a Comunhão.

Como nos lembra Raniero Cantalamessa, o que Jesus quis dizer com as palavras Fazei isto em memória de Mim (cf. 1Cor 11, 23-26) não foi simplesmente Repeti este rito tal como Eu fiz. Ele quis igualmente dizer Vós, também, deveis fazer tudo o que Eu fiz: também vós deveis oferecer o vosso corpo em sacrifício!

Era isto o que S. Paulo queria dizer quando recomendava aos cristãos que «oferecessem os seus corpos como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus» (Rom 12, 1) e o que S. João tinha em mente quando disse: «Jesus deu a vida por nós; portanto, nós também devemos dar a vida pelos irmãos» (1Jo 3, 16).

Como é sabido, Jesus ressuscitado é o Cristo total, Cabeça e corpo inseparavelmente unidos. Refere ainda Raniero Cantalamessa: «Dentro do grande “Eu” da Cabeça, o pequeno “Eu” de todo o corpo, que é a Igreja, está contido nela. E dentro disso, por seu lado, existe igualmente o pequenino “eu’ que sou eu, e eu também digo às pessoas que estão perante mim: “tomai e comei, isto é o meu corpo entregue por vós”».

O Padre Raniero Cantalamessa confessa de seguida: «Nunca fecho os meus olhos na consagração, antes olho para as pessoas que estão diante de mim. Ou, se estou só, penso nas pessoas a quem sou chamado a ministrar durante o dia, ou penso na Igreja como um todo. E juntamente com Jesus digo a todos: “tomai e comei, este é o meu corpo” (meu, sim especificamente meu)».

Na verdade, «enquanto sacerdote ordenado, a minha intenção, ao dizer estas palavras, é consagrar o verdadeiro corpo e o verdadeiro sangue de Cristo; como cristão com os outros cristãos, a minha intenção é consagrar-me a mim próprio juntamente com Cristo».

Todos somos chamados, leigos incluídos, a oferecermo-nos nesse momento juntamente com Cristo! É claro que os irmãos leigos «sabem que estas palavras, como eles as dizem não têm o efeito de tornar o corpo e o sangue de Cristo presente no altar. Eles não agem, naquele momento, como representantes de Cristo (in persona Christi) como o ministro ordenado o faz. Mas eles unem-se a Cristo.

Por isso eles não dizem as palavras da consagração em voz alta, como o padre, mas sussurrando, na quietude dos seus próprios corações».
Fonte aqui

segunda-feira, janeiro 19, 2009

Processos de declaração de nulidade do matrimónio

1. Quando os católicos se casam com todas as condições requeridas pela Igreja, o casamento é para toda a vida, isto é, é indissolúvel, e nem a Igreja o pode anular, segundo o que Jesus Cristo nos ensinou: «Não separe o homem o que Deus uniu».
No entanto, se há fortes razões para pensar que não se cumpriu um desses requisitos essenciais, qualquer dos cônjuges pode pedir à Igreja que, no caso de se comprovar, proceda à declaração de nulidade do casamento, isto é, declare que afinal o casamento não foi válido.

2. A petição do cônjuge para que a Igreja declare a nulidade do seu casamento é apresentada normalmente na diocese em que se celebrou o casamento ou em que reside pelo menos um dos cônjuges.
Como o estudo do caso requer um processo especializado, o Bispo tem na sua diocese um Tribunal, cujo presidente é o Vigário Judicial, que actua em nome do Bispo.
Assim, o cônjuge interessado põe-se em contacto com o Tribunal eclesiástico da sua diocese, onde explica o seu caso e, havendo indícios de possibilidade de nulidade, formaliza a petição.

3. Os motivos que podem levar à declaração de nulidade do casamento foram surgindo ao longo dos tempos.
O matrimónio requer um compromisso mútuo de entrega e aceitação de duas pessoas em ordem à procriação e à educação dos filhos.
  • Portanto, se ambos ou um só dos cônjuges exclui esse compromisso de doação íntima ao outro, segundo a palavra de Deus no Génesis: «Já não são dois, mas uma só carne»; ou se de modo algum não quer ter filhos; ou se se reserva o direito de ter amante; ou se quer que o casamento seja temporário – então, possivelmente o casamento foi nulo, porque não terá querido casar-se verdadeiramente, embora tenha realizado a cerimónia ficticiamente.
  • Também, se um dos cônjuges oculta, propositadamente, uma circunstância que vá perturbar gravemente a vida matrimonial – como, por exemplo, ter um filho de relação não conhecida, ou estar dependente da droga –, então o casamento possivelmente é nulo, porque terá havido uma grave deficiência da entrega.
  • Nos últimos tempos, têm-se multiplicado outros casos que podem levar também à declaração de nulidade do casamento. Trata-se, por exemplo, de pessoas com tendên-cias graves de homossexualidade, que podem torná-las incapazes de um comporta-mento matrimonial devido.

4. Actualmente, tem-se difundido a ideia de considerar a vida matrimonial sobretudo como uma vida a dois do casal. Quando esta vida não corre bem, a relação esfria, azeda-se e pode chegar a romper-se. Nesta perspectiva, procura-se a causa no modo de ser do outro cônjuge. Deste modo, pode-se ser levado a atribuir como causa de nulidade do casamento o desconhecimento do outro («não sabia que era assim»), os maus tratos, a pouca dedicação à família (pelo trabalho ou pelas amizades), a infidelidade.
Estas queixas podem ser indícios de causas de nulidade, mas por si não a determinam necessariamente.

5. Pretende-se que o processo matrimonial na primeira instância de julgamento não demore mais de um ano. No entanto, no momento em que se entrega a petição para a declaração de nulidade, os membros do Tribunal encontram-se ocupados com outros processos, pelo que a petição terá de esperar a sua vez. Isto significa que o início do processo pode tardar algum tempo. Para evitar discriminações, segue-se rigorosamente a ordem de entrega da petição no Tribunal.
Apesar do esforço dos membros do Tribunal, o processo depois de iniciado pode demorar mais de um ano, sobretudo quando se requer ouvir o parecer de peritos. Normalmente, é necessária a apelação ao Tribunal de segunda instância, onde se procura que não demore mais de seis meses.

6. O processo matrimonial começa quando o Vigário Judicial nomeia o Tribunal colegial, de três juízes, um dos quais assume o ofício de instruir ou dirigir a causa e no fim será o Relator, propondo a decisão. A petição apresentada por um dos cônjuges é dada a conhecer ao outro cônjuge, para que possa pronunciar-se, aceitando ou discordando da petição ou dos motivos invocados.
Seguidamente, o juiz determina a questão, ou seja, os pontos que devem ser estudados em vista à decisão; e procede-se a ouvir separadamente, primeiro cada um dos cônjuges – as partes –, e depois as testemunhas por eles apresentadas, especialmente os pais, irmãos e outros que tenham conhecimento dos factos na altura do casamento. Os cônjuges podem ser assistidos pelos seus respectivos advogados, que devem ser peritos conhecedores do Direito da Igreja e admitidos pelo Tribunal. Se o caso assim o requerer, a pedido de um dos cônjuges ou por iniciativa do próprio juiz, podem ser ouvidos também peritos para esclarecerem alguma questão médica, etc.
Terminado este período de depoimentos e de provas, o Tribunal facilita todo o processo aos cônjuges e seus advogados, para que cada uma das duas partes apresente alegações em apoio da sua posição. Como o casamento é uma situação de importância na vida da Igreja, o Tribunal confia a defesa da sua validade ao Defensor do Vínculo – oficio análogo ao do Promotor de Justiça nos processos criminais – que acompanha o processo desde o início e se pronuncia depois de recebidas as alegações das partes.
Finalmente, o Tribunal colegial reúne-se para decidir os pontos em questão, concluindo ou não pela nulidade do casamento. A apelação da sentença, por parte de um dos cônjuges ou por decreto do juiz, é feita ao Tribunal de segunda instância.

7. Pelo conhecimento que tenho, julgo que em Portugal os Tribunais eclesiásticos são equilibrados nas suas decisões. Nalguns outros países, ouve-se falar de excessivas declarações de nulidade, ao ponto de a Santa Sé ter chamado a atenção nalgum caso.

8. Na maioria dos casos, as pessoas que introduzem nos Tribunais eclesiásticos a petição para a declaração de nulidade do seu casamento são pessoas que se encontram divorciadas civilmente e desejam estabelecer nova união matrimonial com uma pessoa católica praticante. A declaração de nulidade já permitiria celebrar casamento católico.
Também não deixa de haver algum caso em que a pessoa se sente insatisfeita pelo modo estranho como terminou o seu casamento e deseja o juízo esclarecedor da Igreja para recuperar a paz da sua consciência.

9. Naturalmente, as pessoas que vivem com normalidade o seu casamento, não têm interesse imediato pelas condições de possibilidade de nulidade dos matrimónios; também não estão interessadas as pessoas que, mesmo com dificuldades, querem defender a existência do seu casamento.
De todos os modos, é importante dar a conhecer essas condições, assim como é importante dar a conhecer as condições para que o casamento seja digno e feliz. Caso contrário, ao ventilar-se erroneamente que a Igreja agora já anula os casamentos, podia acontecer que, num momento de crise, um dos cônjuges não se esforçasse em superá-la e, pelo contrário, pensasse logo na solução mais cómoda, que é deixar fracassar, com vista a experimentar nova oportunidade.

10. Como ficou dito, o direito canónico matrimonial foi-se desenvolvendo à medida que foram surgindo os problemas com o casamento e a autoridade eclesiástica – Bispos e Papa – se foi pronunciando sobre a sua solução, a favor ou não da nulidade.
Não são as leis que fazem ou desfazem os casamentos. As leis são dadas posteriormente à vivência na Igreja, para garantir os casamentos válidos e alertar para os casos em que há irregularidades insanáveis. Por isso, as leis devem ir aperfeiçoando-se, sempre em relação com a indissolubilidade do matrimónio sacramental e a natureza ferida do homem, conforme nos ensina a antropologia cristã.
O importante é a capacidade dos juízes eclesiásticos para darem a resposta acertada aos problemas que surgem. Podem fazê-lo com as leis em vigor, usando mais ou menos subtileza. Sabem que defendem o matrimónio cristão, quer quando afirmam a sua validade, quer quando reconhecem as suas irregularidades. Como dizia Bento XVI, «uma solução contra a verdade não é uma solução pastoral».

11. Actualmente, com a evolução da mentalidade contemporânea que penetrou na Igreja, o matrimónio é visto mais como satisfação individual do que como dedicação ao outro. Podia parecer que a resposta da Igreja fosse facilitar o reconhecimento da nulidade do casamento fracassado, para dar aos cônjuges uma nova oportunidade de refazer a vida matrimonial. Aliás é o que vem fazendo a sociedade civil com o divórcio, e as consequências são a multiplicação dos divórcios, o traumatismo dos filhos, a perda de estabilidade da família, a diminuição da natalidade, etc.
Tem-se dito que a actual crise da família é antes uma crise do matrimónio. Parece ter-se perdido o ideal do matrimónio como união íntima de amor e de dedicação sacrificada do homem e da mulher, capaz de resistir à fragilidade humana e aos assaltos do ambiente.

Doutor Miguel Falcão, in Revista Celebração Litúrgica (2008). n. 6, Outubro-Novembro

Texto de colaboração para a elaboração do trabalho publicado pela jornalista Rita Bruno na revista «Família Cristã» (Março de 2008)



TRIBUNAL ECLESIÁSTICO DA GUARDA: email

sábado, janeiro 10, 2009

11 anos depois... a neve pintou de branco a Velosa



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segunda-feira, janeiro 05, 2009

“Onde está o rei dos judeus que acaba de nascer?”

Os Magos do Oriente, antes de chegarem a Jerusalém e baterem à porta de Herodes, já tinham empreendido uma longa viagem, percorrido um caminho difícil, através do árido deserto. Isto, porque tinham sido misteriosamente informados sobre o nascimento do rei dos judeus. Os Magos intuíram que aquele rei dos judeus era diferente de todos os outros reis e que tinha também alguma coisa a ver com eles. Por isso, sentiram-se impelidos a deixar as suas terras e ir ao seu o encontro para o adorarem.
Sabem que se trata de um rei diferente. Pressentem que o seu nascimento na terra de Israel se insere dentro dos desígnios de Deus. Mais, aquele rei é portador de algo de extraordinário para toda a humanidade.
No entanto, ainda não sabem bem em concreto quem Ele é, e muito menos sabem onde está, o lugar onde encontrá-lo.
Herodes, o rei dos judeus, é colhido de surpresa pela pergunta dos Magos. Ele nem sequer sabe que tinha nascido tal rei no seu território. Os reis mandam muito mas não sabem tudo. Eles não sabem nem querem saber o que se passa nas casas dos pobres, muito menos o que acontece nas grutas dos animais. Deste modo, escapam-lhes coisas importantes, ficam à margem de grandes acontecimentos da história. Neste caso, o mais importante nascimento da história da humanidade.
Herodes, perturbado por imaginar que este rei recém-nascido vem pôr em causa o seu lugar, pergunta aos escribas onde, segundo as Escrituras, devia nascer o Messias. Herodes intui que aquele rei dos judeus, que os Magos procuram e que os fez vir de tão longe, é o Messias esperado pelo povo de Israel.
O Messias, segundo o profeta Miqueias, devia nascer na humilde cidade de Belém. Agora, guiados pela palavra de Deus (esta torna-se na verdadeira estrela que os conduz) chegam até Jesus, o rei dos judeus que eles procuravam. Podem vê-lo, adorá-lo e oferecer-lhe os seus presentes.
Depois, radicalmente transformados, voltam à sua terra por outro caminho. No caminho de regresso, a estrela que os ilumina é o próprio Jesus. Na verdade, Jesus é “a luz verdadeira que, ao vir a este mundo, a todo o homem ilumina”.
Jesus revela-se àqueles homens do oriente, homens que não pertenciam ao povo judeu. Deste modo, Jesus prova que Ele veio para todos os povos. Ele não é apenas o rei dos judeus, mas é o Salvador de todos os homens. Deus não exclui ninguém do seu amor, o seu projecto de salvação abrange todos os povos e estende-se a todos os tempos da história.
Através dos Magos, a salvação de Deus começa a chegar a todo o mundo. Através deles, a luz de Cristo começa a chegar aos confins da terra.
“Onde está…?” Afinal quem é este rei dos judeus?
As duas perguntas são indissociáveis. Só quem sabe alguma coisa sobre Jesus é que sente curiosidade em saber mais sobre Ele. Esse procura-o com interesse e perseverança. E só quem o encontra se aproxima da verdade, ficando a saber quem Ele realmente é.
Queres saber onde encontrar hoje Jesus? Queres que Ele faça brilhar em ti a luz da sua verdade e faça sentir em ti o poder do seu amor? Estás mesmo disponível para esse encontro pessoal e real com Jesus, e para as consequentes mudanças que Ele vai exigir de ti? Estás mesmo disposto a mudar de caminho, a fazer de Jesus, da sua palavra e da sua vida, o novo caminho da tua vida?
Se tens estas disposições interiores, então ouve com atenção, porque vou dizer-te onde se encontra Jesus, onde Ele espera por ti, onde Ele está ao teu alcance.
  • Jesus está presente na sua Igreja. Ele prometeu ficar com os seus até ao fim dos tempos.
  • Podes encontrá-lo e escutá-lo no Evangelho proclamado ou na leitura pessoal da Escritura;
  • podes encontrá-lo e recebê-lo na Eucaristia;
  • podes vê-lo e amá-lo nos irmãos que te rodeiam;
  • podes encontrá-lo e oferecer-lhe presentes em que precisa (nos pobres e nos doentes, nos tristes e infelizes, nos que estão sós e abandonados, nos desprotegidos e excluídos).

Se empreenderes esta procura espiritual, se te deres a estes encontros com Jesus, se te deixares tocar por Ele, então descobrirás melhor quem Ele é e como Ele é importante e vantajoso para ti e para a vida do mundo. Então, sentirás um forte desejo, mais, uma necessidade incontida de dares testemunho dele e de O levares até àqueles que ainda O não conhecem. Então, também através de ti, muitos, ou pelo menos alguns, virão para louvar e adorar o Senhor. Assim, continuará a marcha do Senhor até ao coração de todos os homens.
Acreditas o suficiente em Jesus ao ponto de considerares que os outros também têm o direito de O conhecerem e a necessidade de acreditarem nele?

Sentes fascínio por Jesus ao ponto de te sentires impelido a partilhar a tua experiência com aqueles que te rodeiam?

O amor que sentes por Jesus, torna verdadeiramente universal o teu coração?

Acreditas e conheces Jesus ao ponto de o desejares conhecer melhor e de entrar mais na sua intimidade?

A tua vida manifesta Jesus ao ponto de as pessoas o poderem encontrar em ti?

sábado, janeiro 03, 2009

"Nascido de uma mulher"

div align="justify">O Filho de Deus fez-se homem no seio de uma mulher! E Maria é a mulher na qual se realizou esse mistério. Na verdade, ela concebeu e deu à luz o Filho de Deus, Jesus Cristo. Jesus, o Filho que nasce de Maria, é o Filho de Deus feito homem. Sendo Ele verdadeiro Deus como o Pai e sendo uma única pessoa, Maria é, com toda a justiça, “Mãe de Deus”.
Hoje, oitavo dia do Natal e primeiro dia do Ano Novo, celebramos este mistério admirável: a maternidade divina de Maria! Precisamos de silêncio e de recolhimento interiores para entrar neste mistério e nos maravilharmos com Ele: Maria, uma simples mulher, desempenha esta missão tão divina!
A maternidade divina de Maria não a isenta de todas as limitações e dificuldades humanas. A graça de Deus só por si não garante, automaticamente e como por magia, a compreensão de todos os mistérios divinos e a solução de todos os problemas humanos.
Os evangelhos mostram que Maria nem sempre compreende o que se diz de Jesus nem o que Jesus lhe diz. Nessas circunstâncias, ela guarda as palavras e medita-as no seu coração. A graça de Deus ajuda-a na compreensão da verdade mas não dispensa o seu esforço humano.
Os evangelhos também registam algumas das dificuldades que Maria enfrentou enquanto mãe de Jesus. Ela teve de fugir para o Egipto, juntamente com José, para salvar a vida do Filho, pois Herodes queria matá-lo. Experimentou a angústia da perda do Jesus, quando este decidiu ficar em Jerusalém sem nada lhe dizer. A graça de Deus não impediu que Maria tivesse de enfrentar estas e outras adversidades, mas deu-lhe a capacidade de as superar.
Maria viveu a sua maternidade divina na maior simplicidade e humildade, segundo aquela atitude de serviço que assumiu, no momento da Anunciação, diante do Anjo: Eis a escrava do Senhor”. É como serva, serva cheia da graça e do amor de Deus, que Maria vive a sua maternidade divina. Maria não deve ter partilhado com ninguém esta graça. Com muito probabilidade, durante a sua vida terrena, ninguém, para além de Jesus, considerou e honrou Maria como Mãe de Deus.
Mais tarde, a reflexão, feita a partir dos relatos evangélicos, sobre o mistério da Encarnação do Filho de Deus, levou a Igreja, no Concílio de Éfeso (431), a apresentar como verdade de fé a maternidade divina de Maria. Agora, todo o povo cristão a invoca como a Santa Maria, Mãe de Deus, implorando a sua materna intercessão.

“Deus enviou o seu Filho … para nos tornar seus filhos adoptivos”. Deus, em Jesus, faz de nós seus filhos. Mais, envia ao nosso coração o seu Espírito, para nos capacitar a chamá-lo Pai. Graças á generosidade do seu amor, podemos, com toda a legitimidade, chamar a Deus: “Pai-Nosso”. Este facto mostra até que ponto Deus nos ama e como o seu amor atinge o mais íntimo e a totalidade do nosso ser. Faz pensar que Deus queira ser nosso Pai e nos trate efectivamente como seu filhos!
Este pensar e meditar à luz da fé leva-nos a tomar consciência de que Deus é Pai de todos os homens e, consequentemente, todos os homens são nossos irmãos. Como é importante e necessário meditar, longa e profundamente, nesta verdade, tirando e assumindo todas as suas consequências. O amor que Deus Pai partilha com todos os homens torna-os capazes de se amarem uns aos outros como irmãos!
A fraternidade humana e só ela, quando entendida e vivida à luz do amor de Deus Pai, leva cada homem a reconhecer a igualdade de todos os outros homens e a respeitar os seus direitos. A fraternidade humana impele-nos a querer para os outros o que queremos para nós, motiva-nos a fazer aos outros o que queremos que eles nos façam, a tratá-los do mesmo modo que desejamos ser tratados por eles. Numa palavra, a fraternidade humana universal, que brota da comum filiação divina, é o único caminho que garante a justiça e a paz entre os homens.

Hoje, primeiro dia do Novo Ano, a Igreja convida-nos a reflectir e a rezar pela paz. A paz é, antes de mais, um dom, uma bênção de Deus. A bênção que os sacerdotes do Antigo testamento deviam dar ao povo incluía este voto: “O Senhor volte para ti os seus olhos e te conceda a paz”.
Mas a paz na terra exige também o esforço do homem. Jesus, no Sermão da Montanha, proclama: “Felizes os construtores da paz (os pacificadores), porque serão chamados filhos de Deus” (Mt 5,9). Os filhos de Deus, precisamente porque filhos de Deus, têm uma maior responsabilidade e uma capacidade acrescida na construção da paz.
Como dissemos antes, a nossa condição de filhos de Deus, quando tomada a sério, impele-nos e ajuda-nos a considerar os outros como iguais a nós, a amá-los e a respeitá-los, com a mesma dedicação e intensidade, como queremos ser respeitados e amados por eles.
O pior inimigo da paz (da convivência harmoniosa entre os homens) está no mais íntimo de nós e da forma mais entranhada: é o nosso egoísmo. O egoísmo leva-nos a considerar que:
  • somos mais importantes e temos mais direitos do que as outras pessoas;
  • a apropriar-nos do que não nos pertence e a não partilhar o que temos a mais;
  • a não reconhecer os nossos erros nem a perdoar a quem nos ofende;
  • o egoísmo cria preconceitos, fundamenta diferenças e justifica desigualdades;
  • cultiva as aparências, alimenta a inveja e fomenta a vaidade;
  • o egoísmo torna-nos cegos em relação às capacidades e qualidades dos outros e, por conseguinte, impede-nos de as apreciar e de beneficiar delas;
  • o egoísmo leva-nos a usar os outros para satisfazermos os nossos interesses e atingirmos os nossos objectivos. O egoísmo tem, por tudo isso, um potencial ilimitado de conflitualidade e de violência.

Ele está na base de todas as discórdias e guerras.
Neste dia, um pouco por toda a parte, proferem-se discursos ou fazem-se homilias sobre a paz, onde se apresentam as soluções ou remédios considerados necessários e eficazes para que a paz efectivamente aconteça. Com muita facilidade e frequência, os protagonistas dessas intervenções caem na tentação de indicar os remédios que os outros devem tomar, dispensando-se de fazerem o que está ao seu alcance e é sua obrigação, em razão dos lugares que ocupam e das funções que exercem. As suas belas palavras são, depois, desmentidas ou desacreditadas pelo tipo de vida que levam.

  • Falar da luta contra a pobreza como o caminho da paz e, ao mesmo tempo, viver e apresentar-se com o esplendor próprio dos ricos e como se fossem deuses, não bate muito certo com a lógica da humildade de Deus!
  • Defender a justiça, na base da igualdade de todos os homens e, depois, manter e defender tantas formas de desigualdade injustificável no seio da própria Igreja, não bate muito certo com a lógica da justiça de Deus!
  • Exortar os homens a abandonar todo o tipo de ódio e de inimizade, de ambição e competitividade desonesta, de rivalidade e inveja, e, depois, manter estruturas na Igreja que suportam e fomentam todas essas realidades negativas e perturbadoras das relações humanas, não bate bem com a lógica do amor de Deus!

As palavras e as sugestões têm o seu lugar, mas o mais importante é o que nós fazemos para que a paz aconteça na nossa vida e ao redor de nós. A nossa luta deve, pois, centrar-se no nosso egoísmo, atendendo a todas as suas manifestações.
O amor de Deus Pai é o único antídoto capaz de erradicar o vírus poderosíssimo do nosso egoísmo. Só este amor paterno de Deus, quando acolhido no nosso coração, nos capacita para amar aqueles que vivem connosco, amá-los como Ele os ama e quer ser amado neles. Só reconhecendo e respeitando os homens como filhos de Deus e nossos irmãos, seremos verdadeiros construtores da paz e, nessa mesma medida, mereceremos ser chamados filhos de Deus.

Presépios na Aldeia

terça-feira, dezembro 23, 2008

Querem roubar-Te o Natal, Senhor

Querem roubar-Te o Natal, Senhor.
Querem ficar com a festa,
mas não querem convidar o festejado.

Querem a árvore de Natal, mas esquecem a sua origem;
querem dar e receber presentes,
mas esquecem os que os Magos Te levaram a Belém;
querem cantos de Natal,
mas esquecem os que os Anjos Te cantaram naquela noite abençoada.
Até a São Nicolau o disfarçaram de "pai Natal".

Querem as luzes e o feriado, o peru e as rabanadas;
Querem a Ceia de Natal
mas já não vão à Missa do Galo,
nem Te adoram feito Menino nas palhinhas do Presépio.

Quando se lembram estas coisas e o facto que lhes deu origem
diz-se que "o Natal é todos os dias",
mas não se dispensa esta quadra de consumo e folguedos.

No meio de toda esta confusão deseja-se a paz e a fraternidade,
mas esquecem que só Tu lhes podes dar.

E a culpa de tudo isto ser assim… é também minha
que alinho nesta maneira pouco cristã de celebrar o teu nascimento.

Se desta vez eu der mais a quem tem menos
e comprar menos para quem já tem quase tudo…
se em vez de me cansar a correr de loja em loja
guardar esse tempo para parar diante de Ti…

Se neste Natal fores mesmo Tu a razão da minha festa…
as luzes e os cantos, o peru e as rabanadas, os presentes e a até o Pai Natal
me falarão de Ti e desse gesto infinito do Teu Amor
de teres viindo ao meu encontro nessa noite santa do teu Natal.


Rui Corrêa d'Oliveira

Natal: tempo de lutar contra as desigualdades

D. Manuel Felício, bispo da Guarda, lembra que neste Natal “precisamos de continuar a combater a grave crise social em que estamos mergulhados. Cresce o número de pobres e excluídos, aparecem novas formas de pobreza que se manifestam em pessoas, grupos de pessoas e também em regiões desfavorecidas como a nossa. Os sintomas da grave crise que atravessamos são muitos”.
“O desemprego e o emprego precário, o analfabetismo, a marginalidade e a solidão são quatro novas formas de pobreza e apenas alguns dos sintomas da realidade social dos nossos meios que estão a pedir medidas eficazes para corrigir o processo de empobrecimento progressivo das nossas gentes”.
Pede o bispo da Guarda que o Natal “toque o coração de todos os responsáveis pela condução da nossa vida social, os que pertencem aos quadros da administração pública central e local e também os que representam a sociedade civil organizada em corpos intermédios”.
Eucaristia - Dia 25 de Dezembro - 10.00 h

domingo, dezembro 14, 2008

“Ele não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz.”


Apareceu um homem enviado por Deus, chamado João. Veio como testemunha, para dar testemunho da luz, a fim de que todos acreditassem por meio dele. Ele não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz.

Foi este o testemunho de João, quando os judeus lhe enviaram, de Jerusalém, sacerdotes e levitas, para lhe perguntarem: «Quem és tu?» Ele confessou a verdade e não negou; ele confessou: «Eu não sou o Messias».

Eles perguntaram-lhe: «Então, quem és tu? És Elias?» «Não sou», respondeu ele. «És o Profeta?». Ele respondeu: «Não». Disseram-lhe então: «Quem és tu? Para podermos dar uma resposta àqueles que nos enviaram, que dizes de ti mesmo?»

Ele declarou: «Eu sou a voz do que clama no deserto: ‘Endireitai o caminho do Senhor’, como disse o profeta Isaías».

Entre os enviados havia fariseus que lhe perguntaram: «Então, porque baptizas, se não és o Messias, nem Elias, nem o Profeta?»

João respondeu-lhes: «Eu baptizo em água, mas no meio de vós está Alguém que não conheceis: Aquele que vem depois de mim, a quem eu não sou digno de desatar a correia das sandálias».

Tudo isto se passou em Betânia, além Jordão, onde João estava a baptizar

quarta-feira, dezembro 10, 2008

O Hugo e o Celso foram ordenados diáconos


Foram ordenados Diáconos, no passado dia 8 de Dezembro, na Sé Catedral da Guarda, o Celso Marques, natural de Barco, concelho da Covilhã, que está em estágio pastoral, no arciprestado de Celorico da Beira e o Hugo Martins, natural de Celorico da Beira, que está a fazer o estágio pastoral em Loriga, concelho de Seia.


"Confio à oração de todos os fiéis da nossa Diocese estes dois candidatos aos graus do Sacramento da Ordem. Pedimos que eles venham a ser Sacerdotes segundo o Coração de Cristo. Pedimos, também, por todos aqueles que já somos sacerdotes, a exercer o Ministério nas diferentes comunidades e serviços da nossa Diocese, para que aproveitemos a oportunidade deste grande acontecimento da Diocesano e da Igreja como tal para renovarmos a nossa total entrega à causa de Cristo, Sumo e Único Sacerdote; rezamos ainda para que o Senhor desperte muitas e santas vocações sacerdotais, religiosas e missionárias nas nossas comunidades. Tenhamos presentes também, na nossa oração, os Seminários Maior e Menor e ainda o Pré-Seminário para que sejam os instrumentos que Deus quer, na hora presente, para despertar, acompanhar e preparar bem para o exercício do Ministério Ordenado aqueles que Deus chama”. D. Manuel da Rocha Felício

quarta-feira, dezembro 03, 2008

Horarios

II Domingo do Advento - 7 Dezembro
14.00h
Imaculada Conceição - 8 Dezembro
9.30h